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Poker Stars NoIQ Poker

Wednesday, November 21, 2007

O que mudou...

Em mais de 3 anos de Poker, segundo a minha vivência, muita coisa mudou. E infelizmente a generalidade mudou para pior...

Relativamente ao jogo em si, o Texas Holdem mantém-se de longe o jogo mais popular. Contudo, se há 3 anos atrás existia um relativo equilíbrio nos cash games entre Fixed Limit e No Limit, actualmente existe uma enorme diferença de tráfego entre as duas vertentes especialmente acentuada a partir da proibição de jogadores americanos em diversos sites/redes.

Em Fixed Limit as mesas de 10 max estão agora moribundas e sem qualquer interesse, extremamente tights e praticamente sem tráfego na maior parte dos sites. O tráfego relevante em Fixed Limit transferiu-se para as mesas de 6 max, aquelas que ainda mantêm algum interesse.

A qualidade média dos jogadores subiu significativamente, aspecto que é mais evidente nuns sites do que noutros. De qualquer das formas é hoje mais difícil para o jogador médio bater a mesa (os adversários e o rake) e para o jogador acima da média manter grandes win rates (em BB's).

As políticas de bonus mudaram substancialmente. Praticamente desapareceram os «bons» bonus de primeiro depósito ou de reload (actualmente tendem a ser bastante mais lentos). Em detrimento, as casas passaram a apresentar programas VIP ou Loyalty e noutros casos, os jogadores optam por jogar com Rakeback.

O Rakeback foi de resto algo que mudou bastante neste período, quer pela importância quer pela disponibilidade. Pela importância pelo facto do jogo estar mais difícil de bater actualmente e pela disponibilidade dado que é agora bastante acessível a qualquer jogador (outrora os afiliados ficavam com o Rakeback integralmente para eles, hoje com a explosão do Poker surgiram inúmeros sites a ceder o Rakeback aos jogadores ficando apenas com uma pequena percentagem para eles).

Por fim, a comunidade online: os foruns e os blogs. Por cá estamos limitados praticamente apenas a um forum sobre Poker apesar da enorme explosão do jogo e em 3 anos também muito mudou relativamente a esse aspecto. Perdeu-se aquele espírito didáctico/pedagógico e os interesses e discussões da generalidade da comunidade mudou de forma radical. As poucas discussões de interesse perdem-se no meio de inúmeros posts atrás de posts com picardias, resultados de A ou B e um outro sem número de posts sem qualquer interesse. Mais do que dizer que a qualidade se ressente neste ambiente, creio que é muito mais oportuno dizer que poucos são os que estão realmente interessados nessa qualidade. Talvez porque outro tipo de abordagem releve as fragilidades e fraquezas de cada um, num jogo onde as fragilidades e fraquezas custam dinheiro e portanto onde é mais confortável falar (apenas) dos resultados positivos.

O mesmo lamento dizer ocorre com a maior parte dos Blogs, outra novidade que surgiu neste espaço de tempo. Não é estranho que num jogo onde mais de metade dos jogadores factualmente perde dinheiro, os foruns e blogs estejam pejados de "resultados positivos" e os que falem de prejuízos sejam verdadeiras e raras excepções?

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Wednesday, November 7, 2007

Ego... o grande adversário.

A generalidade dos jogadores tende a achar que nasceu com uma aptidão especial para jogar Poker. Uma questão de ego...

O poker é um jogo disputado entre indivíduos e ninguém quer admitir que o vizinho é mais esperto. Deste modo, a generalidade dos jogadores acredita ter nascido para jogar Poker, qual habilidade natural.

Este comportamento tem diversas consequências que só prejudicam o jogador e os seus resultados:

> Em primeiro lugar, as perdas tendem a ser interpretadas como resultado de má sorte. O jogador não está direccionado para optimizar o seu jogo, acredita que joga bem e que os outros é que jogaram de forma incorrecta. De forma recorrente olha para o lado e lamenta-se da má sorte em lugar de enfrentar o verdadeiro problema e as fragilidades do seu jogo;

> Por outro lado, os jogadores sobrestimam o seu jogo e tendem a jogar stakes mais altos do que os ajustados para o seu real nível de jogo;

> Outro comportamento frequente é o do jogador entrar em despique com A ou B para se desforrar desta ou daquela mão ou simplesmente para recuperar de uma onda de maus resultados à custa do jogador que lhe parece mais frágil na mesa, perdendo com facilidade a objectividade e clareza de raciocínio;

> Finalmente revela-se nos erros de gestão diários como por exemplo naquele momento em que se deve abandonar a mesa dado o jogo estar a degradar-se ou simplesmente porque estão jogadores superiores na mesa.

Basicamente, estão a tentar provar a eles e aos outros que são melhores do que o que realmente são e com isso apenas prejudicam o resultado final.

Para além da qualidade real do jogador, há ainda que ter a consciência que ninguém joga ao seu melhor nível o tempo todo. Se os níveis de concentração ou motivação estão baixos, se em consequência a qualidade do jogo se está a deteriorar, uma paragem por umas horas ou mesmo um par de dias é a solução mais sensata.

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Tuesday, October 16, 2007

PokerEV... ou nem tanto.

Há tempos surgiu um programa novo no panorama do Poker - o PokerEV - que foi divulgado no forum 2+2. Aqui fica um insight do programa e algumas cautelas...

O conceito do programa e a recepção foram calorosas: um programa para avaliar a qualidade das decisões e o peso da sorte seria o Santo Graal do estudioso do jogo dedicado. O problema é que o programa não faz isso. Ou por outra, fá-lo só em certa medida e as conclusões podem ser completamente opostas às desejáveis!

Mas vamos por partes... Primeiro, os Sklansky Bucks.

O gráfico é o resultado de 8.141 mãos realizadas na
rede prima este mês, visualizadas no PokerEV.


Uma das peças fundamentais do programa é o recurso ao conceito dos Sklansky Bucks: os Sklansky Bucks derivam do Teorema Fundamental do Poker (TFP, já abordado aqui no meu blog no passado) e consistem em "dolars" virtuais ou teóricos, como preferirem. Basicamente, é o que é suposto ganharem com a vossa decisão dado o cenário xis, independentemente do resultado real da mão. Por exemplo, se têm um set de AAA e o vosso adversário tem um inside straight draw no turn, vocês vão all-in e ele acompanha e «saca» a sequência, vocês perderam a mão (perderam dinheiro real) mas ganharam Sklansky Bucks. No longo-prazo, se se repetir este cenário, vocês ganharão sem dúvida uma pipa ao adversário. Naquele caso concreto tiveram azar e perderam...

De sublinhar que os Sklansky Bucks são calculados com base num cenário concreto e conhecendo a mão do adversário. Estes dois aspectos merecem alguma reflexão para evitar conclusões precipitadas.

Ao dizer que tiveram azar num cenário em concreto, tal não significa que estejam com azar num sentido mais abrangente. Podem muito simplesmente estar a obter cenários favoráveis mais vezes do que esperado e na verdade, estão a ter sorte. Com uma distribuição justa perderiam afinal mais vezes e mais dinheiro. Tentando exemplificar, jogaram 4 vezes um pocket 22 e em 3 dessas 4 vezes floparam um "set" (222). Desses 3 sets perderam dois deles...

Resumindo e concluindo, tiveram um tremendo azar em perder dois dos três sets quando eram grandes favoritos (suponhamos), mas na realidade e no global o que tiveram foi sorte pois encontraram-se em cenários favoráveis mais vezes do que era suposto e em termos finais, venceram uma mão em quatro com 22 o que nem é mau.

Numa análise com base nos Sklansky Bucks, o resultado sería o de que realizaram moves lucrativos e tiveram azar. A verdade é praticamente o oposto...

O segundo aspecto que merece reflexão é o facto do conceito de Sklansky Bucks ser pouco realista e ter aplicação prática muito reduzida, uma vez que assume o conhecimento das cartas exactas do adversário. Este aspecto é pertinente para avaliar a qualidade das vossas decisões. A qualidade de uma decisão mede-se em função da informação que o jogador dispõe. Voltemos ao exemplo que já utilizei anteriormente. Se no river vocês têm AAA e o adversário tem aKQjt, qualquer decisão que tomem excepto o fold terá Sklansky Bucks negativos. Em termos de TFP estarão a tomar uma má decisão qualquer investimento que façam. Mas na realidade, errado sería foldar o set de AA pois KQ sería a única mão que vos batia. Por acaso era essa mesmo que o adversário tinha naquele caso. Contudo, para foldarem aí, terão de foldar de todas as vezes que possuam um AA e na board se encontra AJTxx, AKQxx, AKTxx, AQJxx, AKJxx...

Penso que não é necessário explicar o disparate que isso seria.

Portanto, o programa não mede realmente a sorte que têm nem a qualidade das vossas decisões. Nenhuma dessas respostas pode ser retirada do programa muito embora a informação que ele disponibilize se relacione de alguma forma com essas questões. Apenas vos diz que dados os cenários em que vocês se encontraram, se as vossas decisões eram lucrativas e se acabaram por ganhar mais ou menos que o suposto.


Se as decisões são lucrativas porque tiveram sorte (estiveram vezes demais em cenários favoráveis) ou derivam da qualidade do vosso jogo, é uma resposta a que o programa não consegue responder. Se a sorte ou azar que tiveram nesses cenários concretos está em linha com a sorte ou azar que tiveram em termos globais é algo mais a que o programa, como está concebido, não consegue responder...

Num exercício de analogia, imaginem-se ao ar livre a soprar para uma bandeirola. Se sopram para a esquerda ela vai para a esquerda e se sopram para a direita, ela vai para a direita?

Sem saber se há vento, para que lado sopra o vento e com que intensidade... não dá para saber, né!


Uma última nota para a ferramenta Analysis onde poderão consultar as mãos uma a uma e analisar onde estão a perder dinheiro. Mais uma vez, muita cautela pois a tendência será a de analisar a mão numa perspectiva Results Oriented. A análise e avaliação da mão é realizada com base no conhecimento exacto das cartas do adversário...

Portanto, não se poderão limitar a consultar as mãos onde perderam Sklansky Bucks (não significa que tenham realmente jogado mal) e mãos onde cometeram erros (importantes) podem encontrar-se com Sklansky Bucks positivos e que tenderão a passar despercebidas.


Artigos relacionados:
PokerAcademy Pro
Poker Software

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Monday, October 1, 2007

4 Redes em Análise

As diversas salas de Poker apresentam grandes diferenças entre si a diversos níveis. Neste artigo, quatro redes são analisadas no que diz respeito à qualidade das mesas, à estrutura do rake e às políticas de deals/rakeback...


UPDATE: Entretanto, após a edição deste artigo, já está disponível Rakeback na Pacific.


As 4 redes em análise são a Full-Tilt, a iPoker, a Pacific e a Prima. Para os Deals/Rakeback foram considerados 27% na Full-Tilt, 42% na NoIQ (ipoker), um valor variável na Pacific (cash-out dos pontos) e 30+29% na Battlefield Poker (Prima). As mesas analisadas dizem respeito a Fixed Limit. Para obter alguns destes deals consultar o post seguinte ou a secção de Rakeback agora no antzpoker.com.

Para além dos aspectos já citados ainda haveria que destacar as diferenças de tráfego (neste capítulo, a vantagem é clara para a Full-Tilt, seguindo-se a iPoker e por fim a Pacific e Prima a um nível semelhante) e as diferenças na qualidade e características do software (neste capítulo o melhor é provavelmente a Full-Tilt, seguindo-se a Pacific na versão antiga sensivelmente a par da iPoker e por fim o da Battlefield) e ainda a compatibilidade com as aplicações como o PT, o HUD ou o datamining (em todas elas é possível executar estas tarefas, ainda que por vezes com recurso a programas extra e nem sempre com o mesmo grau de eficiência). Não farei aqui uma análise exaustiva a esses factores, pelo que fica apenas esta referência superficial.

(clicar no gráfico para visualizar)


Ao nível da qualidade das mesas, a Pacific destaca-se claramente pelas mesas mais loose em todos os stakes e por potes médios entre os mais altos. Em segundo lugar surge a rede Prima e por fim, a rede iPoker e a Full-Tilt que se encontram entre os sites menos atractivos neste aspecto (poderão analisar os resultados com maior detalhe e para os diversos stakes nos dois primeiros gráficos).


A estrutura do Rake apresenta diferenças muito significativas entre as casas (existe uma certa tendência para assumir que o rake é semelhante ou que não tem grandes implicações, no entanto é um factor determinante e onde se registam diferenças bem significativas). As casas que apresentam piores políticas de rake são claramente a Pacific e a iPoker (ver terceiro gráfico). A um nível intermédio encontra-se a rede Prima, destacando-se neste aspeto a Full-Tilt por apresentar o rake mais amigo do utilizador. O gráfico apresenta o rake médio representado em % do Pote.


A estrutura do Rake deverá ser conjugada com os deals de rakeback (ou outros semelhantes) para avaliar qual a casa mais vantajosa. O último gráfico apresenta o custo em BB/100 que representa para o jogador em cada caso (ou seja, os deals de rakeback já estão descontados neste gráfico):

> A Pacific tem uma péssima política de rakeback, limitando-se a um sistema de cash-out de pontos que não significa mais de 1 a 5% do rake, conforme os stakes. O custo de jogar nestas mesas é elevadíssimo, sendo compensado pela qualidade das mesas, claramente as melhores.

> A iPoker (aqui considerando a NoIQ e um rakeback de 42%, trata-se de um valor a título de exemplo e algo optimista, não é garantido que cheguem a este patamar) tem vindo a apresentar programas muito atractivos mas a verdade é que o valor está a ser cobrado nas mesas em adiantado. O que estão a oferecer aos jogadores está a ser cobrado nas mesas e mesmo descontando estes excelentes deals, é neste grupo a segunda menos vantajosa. Acresce que as mesas não são muito interessantes e têm vindo a piorar (quase por certo porque estes programas têm atraído muitos jogadores intensivos e/ou que jogam «especificamente» para o rake, as races, etc).

> A Full-Tilt oferece «apenas» 27% de rakeback mas também cobra bastante menos nas mesas. Na verdade, acaba por ser das mesas mais atractivas com um custo em BB/100 bastante baixo. Tem como desvantagem o facto das mesas não serem muito atractivas e como vantagem o enorme tráfego.

> A Prima (aqui considerando a Battlefield com um rakeback total de 60%) apresenta um rake relativamente simpático nas mesas e com o extraordinário rakeback transforma-a nas mesas mais baratas deste comparativo. As mesas são relativamente interessantes nos diversos stakes permitindo um bom compromisso entre estes dois aspectos em análise, tão determinantes para o winrate possível.

(clicar no gráfico para visualizar)


Os gráficos apresentados são o resultado de um datamining de cerca de 300 mil mãos realizado nos últimos dias (poderei vir a actualizar o gráfico com uma amostra maior). Praticamente todos os stakes apresentam mais de 5 mil mãos. Só foram contabilizadas mãos com 5 ou 6 jogadores na mesa activos.

No próximo post irei disponibilizar rakebacks para diversas casas, incluindo o deal de 60% de rakeback para a Battlefield (rede Prima) e o de 27% de rakeback para a Full Tilt.


Uma nota final: não foram considerados bonus de primeiro depósito para nenhum dos sites em análise. Também não foram consideradas promoções específicas dos sites como troca de pontos para entrada em free-rolls, promoções mensais ou diárias como as existentes na Pacific ou as races da iPoker. São promoções muito específicas, que só alguns jogadores retirarão real benefício, com um interesse relativo e difíceis de medir e comparar.


Artigos Relacionados:
Deals de Rakeback
Políticas de Bonus/Rakeback

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Tuesday, September 25, 2007

Online Tells

Uma das místicas do Poker são as Tells (ler/interpretar o comportamento do adversário) coisa que só se pode fazer ao vivo... ou quase.

Online, as formas de obter informação adicional do adversário reduzem-se ao padrão das apostas dado que mais nada nos é dado a ver. E uma das componentes da aposta é o tempo gasto a realiza-la. Provavelmente o que vou aqui colocar já não será grande novidade para muitos jogadores mas é o pouco que se consegue reunir no capítulo das Tells no que diz respeito ao poker online.

Apostas Imediatas: as apostas quando efectuadas por parte de um jogador que aparente ser experiente e agressivo e muito e em particular em flops «esquisitos» (imagine-se o jogador como raiser pré-flop e o flop vem 885) significa com alguma frequência que o jogador não tem nada. Trata-se de uma continuation bet, uma bet automática e que tenta de alguma forma também tirar partido do Flop. Um jogador agressivo que fez raise pre-flop vai fazer uma bet desse tipo com KQ, AQ, AJ, etc. Esse comportamento pode prolongar-se pelas outras ruas, sempre fazendo pressão para o adversário largar a mão. Um raise nas primeiras ruas (em especial no Flop) é uma boa solução caso tenham algo (por exemplo A5, um pocket-pair médio ou baixo, etc) muito embora o call down até ao river não seja também má solução (evita sermos raisados caso estejamos atrás e vai sempre induzindo o bluff ao adversário ao longo das várias streets).

Apostas Demoradas: as apostas demoradas, em especial vindas de jogadores do tipo calling stations e betting stations querem quase sempre significar um monstro. E muito particularmente se a board é perigosa e denuncia o tipo de mão possível. Quando o jogador demora muito a decidir numa mão perigosa e acaba por optar pelo bet, quase sistematicamente tem a mão pois se o jogador realmente tivesse receio como quer pretender, limitava-se a um check/call, coisa que - quando é o caso - até tende a decidir bastante rapidamente. Imagine-se o jogador que parte com dois pares QQTT e a board acaba por evoluir para (KQT8J). Este jogador não vai demorar uma eternidade para acabar por optar por um bet quando qualquer A ou 9 o bate. O jogador vai fazer um check e provavelmente depois um call. Se o jogador tem o A, aí sim, vai tentar simular fraqueza fingindo que a decisão é difícil...

De certa forma, nestes casos particulares, a realidade tende a ser o contrário do que os jogadores dão a entender. Força quando não se tem nada, fragilidade quando afinal se tem um monstro. De notar contudo que nestes exemplos me centrei em situações relativamente específicas. Não tentem generalizar demasiado este princípio pois a maior parte das vezes os jogadores mostram força quando realmente têm uma mão forte e comportam-se de forma mais frágil/passiva quando têm uma mão frágil ou um draw. por exemplo.

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Tuesday, September 18, 2007

Absolute em xeque...

Nos últimos dias cresceu uma considerável polémica que tem corrido tudo o que é Foruns de Poker acerca de uma eventual situação de batota na Absolute Poker...

Antes de mais, devo dizer que não tenho conta na Absolute Poker nem nunca tive e não conheço nem nunca joguei (tanto quanto sei) com qualquer um dos intervenientes. Mas gostaria de deixar algumas observações em relação a este assunto tão pertinente.

Não vou discutir a polémica que está longamente debatida no 2+2 mas apenas notar e frizar num aspecto em particular (em relação à polémica geral, as «provas» apresentadas estão longe de ser categóricas - muito menos absolutas como algums fazem crer - embora haja matéria suficiente para debate/investigação). Mas o mais curioso é essa tendência para se juntar um monte de nada para se demonstrar o todo.

Já depois da polémica ter despoletado (curiosamente despoletou a partir de ring fixel limit para depois um dos maiores dinamizadores da polémica - e moderador do forum - concluir, imagine-se, que afinal em fixed limit não havia batota) alguém se lembrou de acrescentar uma polémica mão de um torneio, de um nick diferente.

A mão, a meu ver, não demonstra absolutamente nada e mesmo admitindo que haja qualquer coisa de errado na Absolute com determinados nicks (alega-se que terão um acesso superuser e que vêm as cartas dos adversários) estou certo que este «exemplo» tirado de um torneio avulso nada tem que ver com o caso...

No entanto, a generalidade das pessoas apressa-se a assumir que há batota e que este caso está relacionado com os outros.

Mas vejamos a famosa mão:

Stage #896976330 Tourney ID 1883389 Holdem Multi Normal Tournament No Limit $4500 - 2007-09-13 01:43:49 (ET)
Table: 14 (Real Money) Seat #3 is the dealer
Seat 3 - POTRIPPER ($765740 in chips)
Seat 8 - CRAZYMARCO ($214260 in chips)
POTRIPPER - Ante $450
CRAZYMARCO - Ante $450
POTRIPPER - Posts small blind $2250
CRAZYMARCO - Posts big blind $4500
*** POCKET CARDS ***
POTRIPPER - Calls $2250
CRAZYMARCO - Checks
*** FLOP *** [4h Kd Kh]
CRAZYMARCO - Checks
POTRIPPER - Bets $9000
CRAZYMARCO - Calls $9000
*** TURN *** [4h Kd Kh] [7s]
CRAZYMARCO - Checks
POTRIPPER - Bets $13500
CRAZYMARCO - All-In(Raise) $200310 to $200310
POTRIPPER - Calls $186810
*** RIVER *** [4h Kd Kh 7s] [5s]
*** SHOW DOWN ***
POTRIPPER - Shows [10c 9c] (One pair, kings)
CRAZYMARCO - Shows [9h 2h] (One pair, kings)
POTRIPPER Collects $428520 from main pot
*** SUMMARY ***
Total Pot($428520)
Board [4h Kd Kh 7s 5s]
Seat 3: POTRIPPER (dealer) (small blind) won Total ($428520) HI:($428520) with One pair, kings(ten kicker) [10c 9c - B:Kh,B:Kd,P:10c,P:9c,B:7s]
Seat 8: CRAZYMARCO (big blind) HI:lost with One pair, kings [9h 2h - B:Kh,B:Kd,P:9h,B:7s,B:5s]

Primeiro convém referir que existe o registo de pelo menos 4 torneios deste jogador. Em 3 deles ficou bastante mal classificado e este outro venceu-o entre 90 jogadores.

O jogador é aparentemente um donk completo e não é a primeira vez que um donk completo ganha um torneio (acontece todos os dias por esses sites fora).

Quanto à mão da polémica:

> O POTRIPPER tem perto de 800 mil fichas, o adversário cerca de 200 mil fichas;

> Se o POTRIPPER perder a mão sobram-lhe cerca de 550 mil fichas e ainda fica em ligeira vantagem;

> Se o POTRIPPER ganhar a mão, vence o torneio;

> Chegados ao Turn, o pote está em cerca de 29 mil fichas;

> O POTRIPPER coloca 13.5 mil fichas e o CRAZYMARCO vai all-in com mais 187 mil fichas...

Serei só eu ou este all-in num pote destes e numa board KK74 tresanda a steal?

O POTRIPPER é um donk, tem T9 e vê um all-in bastante suspeito. Qual é a linha de pensamento dele?

Se este jogador está no Bluff como eu penso que está, então eu tenho algumas outs. Se sai um T ou um 9 ganho isto. Ou possivelmente ainda foi uma linha de pensamente mais simples: ele está no Bluff e portanto vou fazer call (não interessa o que tenho, se o outro está no bluff eu devo fazer call deve ser uma linha de pensamento muito corrente entre donks).

O que não me parece nada difícil de perceber é que um donk, com fichas suficientes faça um call estúpido por achar que o outro está provavelmente no Bluff. Correu bem e nem foi preciso sair uma das outs, o outro estava mesmo no bluff e o T9 bastou para ganhar a mão...

Trata-se de um mau call (que por acaso correu bem) mas calls destes acontecem todos os dias em todos os sites. Más jogadas acontecem a toda a hora e algumas correm bem, inevitavelmente. E neste caso, olhando para a acção e a situação do torneio consegue-se perceber o call do jogador.

Não é preciso concordar-se com a decisão para nos colocarmos na situação do jogador e compreender que ele faça o call. Afinal, jogar mal não é novidade nenhuma e jogar mal e correr bem também não...

Eu até pensava que era disso que tanta gente se queixava a toda a hora.

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Wednesday, August 8, 2007

Imprevisibilidade ? Overrated...

Noto que muitos jogadores centram o seu jogo em torno de um dogma: o dogma que o seu jogo precisa de ser imprevisível. Pois considero que a importância que grande parte dos jogadores dá a este factor é exagerada e que não raras vezes esse dogma acaba por servir apenas para justificar más jogadas...

É óbvio que um jogo previsível é uma falha grave no jogo que pode ser explorada pelos adversários e que uma certa dose de imprevisibilidade é importante para que dessa forma a avaliação de qual a melhor decisão que o adversário pode tomar seja difícil de apurar. Basicamente, sendo o jogo imprevisível, a decisão do adversário é mais difícil e este tem maior dificuldade em apurar qual a melhor decisão estando assim mais sujeito a cometer erros e com menor frequência vai tomar a opção mais correcta.

Até aqui tudo certo...

Mas a noção de imprevisibilidade é uma noção bastante vaga, tanto mais que um jogador que anseie em demasia ser imprevisível acaba por se tornar previsível noutro sentido.

Eu exemplifico: um jogador que jogue todas as cartas e faça raise em todos os movimentos é totalmente imprevisível num sentido (é completamente impossível aferir o que essas decisões significam relativamente às cartas que possui, em boa verdade, pode ser absolutamente qualquer coisa) mas torna-se totalmente previsível noutro. É um adversário que sabemos totalmente como ele joga e onde é muito fácil determinar qual a melhor decisão em termos de longo-prazo (muito embora não façamos a mínima ideia de que cartas ele possui naquele momento).

Obviamente que aqui o erro flagrante é o estilo de jogo perfeitamente identificável e a previsibilidade das decisões não obstante a imprevisibilidade das cartas em questão naquela mão específica. Isso pode ser corrigido com o chamado 'mixing it up', isto é, ir variando o estilo de jogo. No entanto, a mesma questão pode manter-se ainda que noutra escala.

Por exemplo, um jogador pode fazer aqui e ali uma jogada pouco ortodoxa apenas com o intuito de baralhar os adversários (o que considero correcto) ou simplesmente ir alternando entre dois ou três estilos (provavelmente ainda melhor). Mas, especialmente no primeiro caso, um adversário razoável tenderá a ignorar jogadas que não estão de acordo com o perfil do jogador. Pego no exemplo que suscitou este meu post: se um jogador tight/agressive a certa altura faz um re-raise pre-flop com J2o, o melhor é ignorar essa jogada. Essa jogada não pode ser típica e da próxima vez não posso considerar que ele tem algo como J2o ou de valor semelhante ou ele não sería tight/agressive de todo. Eu tenho de decidir com base no que ele vai ter 99% das vezes e não com base no que ele vai ter 1% das vezes, passe a imagem.

Tentar adivinhar as vezes em que o jogador faz a jogada não ortodoxa é obviamente um erro e uma boa forma de tomar más decisões em termos de longo-prazo.

Outro aspecto: não é necessário um grande esforço para que o jogo tenha só por si uma boa dose de imprevisibilidade e existe um leque de valores bastante considerável dentro dos quais a diferença em termos de imprevisibilidade não é assim tão significativa pelo que não devemos deixar o jogo ser dominado por essa preocupação em particular. Tentando concretizar com um exemplo: se o jogador faz raise pre-flop com 10%, 12% ou 15% das mãos, o grau de imprevisibilidade (dado o leque de mãos possíveis) é já só por si bastante razoável e entre os casos e outros a diferença não é particularmente significativa, já para não referir que os 12% de um não significam exactamente o mesmo range que os 12% de outro. A diferença nota-se quando o jogador faz raise pré-flop por exemplo com 1, 2 ou 3% porque aí estamos a falar de um range muito pequeno e facilmente definível.

Agora imaginemos que um daqueles jogadores (10-15) faz um bet ou raise no flop Js Ts 5c. Com aquele leque de raise pré-flop (seja 10 ou 15%) e com este flop, o jogador pode ter praticamente qualquer coisa (overpair, top-pair, draws, etc). Com um esforço mínimo, o jogo dele é bastante imprevisível. E se por exemplo ele faz um bet/raise, tanto se pode tratar de um semi-bluff como se estando a defender contra os draws...

Um esforço excessivo leva a que comecemos a tomar más decisões demasiadas vezes sem que o valor acrescentado em imprevisibilidade justifique.

O que pretendo chamar a atenção é que, notando que muitos jogadores sobrevalorizam o factor imprevisibilidade, a maior parte do tempo o mais adequado é centrar os esforços em tomar a melhor decisão. Fazer centrar o jogo demasiado em torno do factor imprevisibilidade pode fazer disparar a frequência com que tomamos más decisões, tornar o jogo previsível ao adversário por outra via ou simplesmente facilitar-lhe a tomada de decisões.

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Monday, July 16, 2007

Regresso de férias e...

De regresso de férias, algumas considerações sobre a forma como vejo os adversários nos diferentes limites. Embora apresente aqui uma exposição ligeira traçando de uma forma superficial as abordagens típicas dos jogadores nos diferentes níveis, penso que poderá ajudar a compreender a psicologia dos diferentes jogadores e as diferentes dificuldades que apresentam...

Que a qualidade média dos jogadores aumenta com a subida de limites é um facto, um facto verificável e de compreensão acessível, julgo. Não creio sequer que valha a pena gastar muitas linhas com um facto tão evidente...

Há no entanto que deixar algumas ressalvas.

De uma forma geral poder-se-á dizer que em todos os níveis se encontram bons e maus jogadores, sendo este bom e mau sempre em termos relativos. Em termos absolutos não existem jogadores realmente bons nos micro-limites porque simplesmente não faz sentido para um bom jogador (no sentido em que um bom jogador também não tem motivação para jogar play-money, também não o tem para jogar limites francamente baixos). Em termos absolutos, os primeiros jogadores bons jogadores começam a aparecer nos limites médios embora aí proliferem e em excesso os jogadores do tipo sólido (excessivamente sólido não raras vezes). Daí que os VPIP's médios mais baixos surjam frequentemente em níveis como 1/2 e 2/4...

Convém no entanto não avaliar as mesas apenas pelo VPIP médio pois muito embora os limites abaixo de 1/2 apresentem VPIP's mais altos e acontecendo o mesmo em limites como 5/10 e superior, o carácter e perfil médio dos jogadores envolvidos é substancialmente diferente (sendo que este substancialmente pode pecar por «curto» para estabelecer a diferença).

Então o que distingue essencialmente os jogadores à medida que subimos de limite?

O que eu verifico (e esta é uma opinião empírica com base na minha experiência pessoal) é que a diferença essencial reside na agressividade (maior à medida que se sobe de limites) e no tipo de abordagem ao jogo. Nos limites baixos a par de muitos jogadores loose do tipo calling-station, encontram-se bastantes jogadores tight e sólidos, demasiado sólidos e demasiado tight não raras vezes como já atrás referi. São essencialmente jogadores que tentam jogar correcto (ou mais exactamente, que tentam jogar correctamente a sua mão) e que com isso tendem a tornar o jogo mais previsível e mais acessível aos adversários ainda que os edges sejam pequenos tratando-se de FL. É um jogo tendencialmente mais soft...

Nos limites mais altos encontram-se jogadores muito mais agressivos, mais loose também e onde os adversários parecem ter uma maior preocupação em tornar o jogo difícil ao adversário, seja deliberada seja inconscientemente mercê do perfil de jogo. São jogadores por norma manifestamente menos preocupados em jogar correctamente a sua mão e portanto o jogo tende também a ser menos sólido, mais imprevisível e... menos acessível. São, em média, jogadores mais sofisticados, que praticam jogadas mais elaboradas, jogando mais os aspectos psicológicos do jogo e dominando conceitos com que por vezes os jogadores dos limites mais baixos nem sonham que existem.

De notar no entanto que nem sempre os jogadores registam maiores dificuldades à medida que sobem de limite dada a forma como se conseguem (ou não) adaptar aos diferentes estilos, aspecto que já aflorei num dos artigos anteriores dedicado ao table selection.

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Wednesday, June 20, 2007

O Boom do Poker

Vem este post a propósito de eu ter decidido deixar de participar no maior forum nacional de Poker. Como não vou voltar a postar lá, fica aqui a explicação sucinta...

O Boom do Poker chegou a Portugal. Com o Boom do Poker versão Tuga o maior Forum de Poker cresceu exponencialmente. Com esse crescimento cresceu essencialmente a imbecilidade, uma imbecilidade que sistematicamente anexa palavras como me*da a conceitos tão importantes como o EV.

Não é preciso dizer muito mais. Essa é uma das caras da febre do poker, uma histeria colectiva que vai contagiando tudo e todos (por assim dizer). Uma massa que se diverte a alimentar uma indústria enorme e um grupo restrito de jogadores que... agradece.

Não há espaço para a discussão salutar, para a discussão racional, para a ponderação de factores, para se falar de EV ou de responsabilidades profissionais ou de qualquer outra coisa que não seja: festa, emoção, divertimento.

Só há espaço para a orgia febril do poker. E nesse espaço eu não caibo...


É tal e qual os Mercados Financeiros. Cada um obtém o que deseja.



Entretanto gerou-se uma outra discussão que me envolve acerca da seguinte afirmação. A afirmação original é esta e não outra qualquer que queiram inventar para imbecilmente viciar e adulterar a discussão como por exemplo passar a argumentar «se o jogador for bom» ou «se o jogador for acima da média» ou qualquer outra coisa, qual argumento circular onde se escolhe logo à partida o resultado que se quer obter:

«Bonito bonito era um tuga ganhar akilo ou ir a FT para mostrar k ir a LV é +EV (seja la isso o k for mas deve tar relacionado com rendimento)...»

Foi a isto que respondi e da seguinte forma:

«
Se um tuga for e ganhar, não mostra só por si que ir é +EV. »

Isto está correcto. O EV é um conceito de longo-prazo e não é um resultado que mostra o que quer que seja. Um jogador pode ganhar um torneio que isso não mostra de forma alguma que para esse jogador jogar esse torneio tem EV+...

Com base nesta informação pode ser positivo e pode ser negativo. Como pode ser ambas as coisas não mostra que é positivo.

O EV pode ser calculado considerando todos os cenários possíveis com a precisão possível ou estimado através de uma amostra decente. Um torneio MTT não constitui uma amostra decente em parte nenhuma do universo. Quem disser o contrário apenas manifesta a sua ignorância e a sua limitação no que diz respeito aos conceitos envolvidos.

Achar que constitui uma amostra decente é de resto outra das faces do estado das coisas como atrás referi. A ilha da fantasia...

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Quando o maníaco sai...

O maior adversário do jogador é ele próprio. Muitas das barreiras a ultrapassar no jogo são de carácter psicológico e emocional...

Frequentemente tratam-se de falácias psicológicas com que os jogadores se debatem e aqui fica uma: os jogadores tendem a ficar muito irritados quando um maníaco ou outro jogador idiota com outro perfil qualquer sai da mesa depois de ter ganho uma série de mãos pois assim não poderão recuperar o que eventualmente perderam contra esse jogador.

Ora, a única justificação para se ficar aborrecido é por a mesa passar a ser eventualmente pior do que era antes, isto é, menos rentável.

Se o sentimento se deve a uma perda anterior nessa mesa em particular ou a uma «necessidade» de recuperar a perda face a um indivíduo em particular, tratam-se de motivações irracionais e que provavelmente serão fonte de problemas para o próprio jogador no plano psicológico e emocional, muito provavelmente com consequências no jogo e na clarividência das decisões posteriores.

Aquele jogador enquadra-se num determinado grupo (que aqui damos como adquirido que batemos no long-run) e vamos deparar-nos com outros jogadores do mesmo grupo. Se não recuperamos de A, recuperamos de B (um jogador que joga dentro do mesmo estilo de A). E se não é hoje é amanhã. Pouco importa, não é relevante...

Também vale a pena referir que os jogadores que praticam esse tipo de atitude (de resto sistematicamente maus jogadores e claramente perdedores) não conseguem influenciar de uma forma positiva os seus resultados. É absolutamente irrelevante se param de jogar depois de uma boa run ou de uma má run, desde que voltem a jogar. A única coisa que conseguirão é perder menos se com isso jogarem menos mãos ao todo. Eles irão voltar a jogar, frequentemente até, passados uns meros minutos e não vão ter mais ou menos sorte em função do momento em que decidem voltar a jogar...

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Monday, June 18, 2007

Table Selection

Talvez dos aspectos gerais mais descurados pela generalidade dos jogadores. O facto é que a maior parte dos jogadores presta muito pouca ou nenhuma atenção às mesas em que entra ou ao lugar onde se senta. O impacto nos resultados finais, contudo, é tremendo...

O lucro no poker resulta da tomada de boas decisões. As boas decisões porém começam bem antes de ter as cartas na mão. Na verdade, as mais importante e decisivas para o resultado final ocorrem antes: desde a escolha da vertente correcta, da escolha adequada de stakes para uma boa gestão da banca e a terminar no table selection - a escolha dos melhores lugares nas melhores mesas.


Os critérios

De uma forma geral, quanto mais fracos os adversários, maior o lucro esperado. E quanto mais agressivos e loose, maior a expectativa de lucro. Loose, está bom de ver pois jogam mais mãos que geram prejuízo. A agressividade porque tenderão a pagar mais caro em cada erro cometido.

Digo de uma forma geral pois dependendo da qualidade e estilo do jogador, nem sempre estas premissas são válidas. A título de exemplo, um jogador muito agressivo terá interesse em defrontar jogadores mais passivos e não muito loose pois o seu jogo resultará melhor contra esse tipo de jogador. Já um jogador sólido poderá preferir jogadores relativamente loose e agressivos pois obterá um winning rate maior do que contra jogadores semi-loose/passive.

Se for possível observar as mesas durante algum tempo (o que eu faço apenas no limite superior da gama de limites que jogo) tanto melhor. No entanto essa opção é algo chata e time consuming e num nível onde estejamos bastante à vontade não é assim tão determinante pelo que nos guiaremos por alguns valores chave que servirão de critério para entrar ou não na mesa xis.

Para FL 6max tenho para mim estes valores como critério-base:

> Percentagem de jogadores no flop: a rondar os 50% ou se possível superior;

> Valor médio do pote: valor mínimo de 5BB mas de preferência de 6BB ou mais.

A percentagem de jogadores a ver o flop e o pote médio são valores genéricos que servem bastante bem para nos mostrar o que se estará a passar nessas mesas, o quão loose são os jogadores, o nível médio de agressividade, etc. Quanto mais loose são e quanto mais alto o pote médio, como que podemos dizer que mais dinheiro há para ser ganho nessa mesa.

O número de mãos jogadas por hora poderá ser importante para jogadores que joguem numa mesa ou duas, sendo do interesse desses jogadores optar por mesas mais rápidas, pelo que fica aqui uma referência. Para jogadores que joguem em bastantes mesas não creio que esse factor seja importante dado que quão mais rápido, menos mesas se conseguirá jogar em simultâneo.


A posição


Bastante importante é igualmente a escolha da posição na mesa. Na maior parte dos sites não podemos escolher o lugar onde nos sentamos pelo que o que podemos fazer nesse campo é bastante limitado: basicamente nos resta abandonar uma mesa se calharmos num lugar indesejável mesmo que a mesa no seu geral seja interessante. Se podermos escolher o local, tanto melhor.

Ao nível da posição o melhor é evitar jogadores muito agressivos depois de nós (o aspecto mais importante) e em segundo lugar, evitar as calling-stations. Depois de nós queremos jogadores o mais passivos possível e de preferência relativamente tight. Isso permitir-nos-á ter melhores leituras (maior previsibilidade) relativamente aos jogadores que actuam depois de nós e maior controlo sobre as suas decisões (são jogadores que podemos afastar mais facilmente com os nossos bets ou raises, por exemplo). Por outro lado, temos melhor controlo sobre jogadores muito agressivos se estes tenderem a actuar antes de nós quer para nos isolarmos com eles quer para controlarmos melhor as guerras de raise.

Este artigo é apenas um esboço sobre o muito que se poderia dizer sobre o Table Selection, o mais importante mesmo é transmitir a mensagem de que uma boa escolha de mesas é determinante para o winning rate. Os valores que referi servem apenas de exemplo, outros jogadores poderão ter de procurar critérios adequados ao seu jogo.

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Monday, June 11, 2007

Síndroma de Curto-Prazo

Funciona como uma cortina à frente dos olhos do jogador e não lhe deixa ver o Big Picture. É seguramente a questão de carácter psicológico que afecta o maior número de jogadores...


O resultado que realmente interessa é o resultado de longo-prazo. Ironicamente, o resultado de longo-prazo tem um peso ridiculo no estado emocional do jogador ao passo que o resultado de curto-prazo tende a ter um peso (absurdamente) elevado com grandes implicações na segurança/auto-confiança e na qualidade das decisões. Por conseguinte, na performance de longo-prazo...

Alguns comportamentos e reacções típicas:

«Esta semana ganhei xis, o meu jogo evoluiu muito e estou a ter resultados.»

O jogador acha-se um profissional. Dirige-se aos outros jogadores com grande confiança dando conselhos, criticando as suas jogadas, etc. Por norma, não considera que a sorte tenha desempenhado um papel importante no resultado obtido.

Eventualmente o mesmo jogador passado (um par de) semanas:

«Há uma semana que estou em perda, não sei o que se passa, acho que estou a jogar pior.»

O jogador perde a confiança, acha que afinal não entende o jogo ou, talvez ainda mais frequentemente, que se passa algo de estranho com a casa de pokers, com o RNG ou que simplesmente está numa fase de azar brutal.

Resumindo, quando ganhamos somos bons, quando perdemos é azar.

Para lá do efeito emocional/psicológico que estas runs ora positivas ora negativas possam ter, contudo, é bastante provável que o jogador não tenha realmente evoluído ou regredido significativamente entre umas e outras. O mais provável é que a sorte tenha tido um peso tão importante no desempenho positivo quanto o azar teve no desempenho negativo.

Mais importante, estas runs positivas/negativas não servem isoladamente para avaliar a performance/qualidade do jogador. Esta resulta do conjunto das duas e, de preferência e para maior fiabilidade, por várias séries de boas e más runs.

Não há nada mais ridículo do que alterar determinado aspecto do jogo e passado 2 ou 3 mil mãos (se não for menos) já se pretender tirar conclusões quanto a melhorias ou prejuízos daí derivados. É também bastante caricato (não direi ridículo, mas irónico) que um jogador fique bastante perturbado depois de 400 ou 1.000 ou 2.000 mãos que correram mal tendo, por hipótese, um background com dezenas ou centenas de milhares de mãos com um resultado positivo. Umas meras centenas de mãos podem abalar facilmente a confiança de um jogador ou tira-lo completamente do sério levando-o a cometer erros crassos que não cometeriam em circunstâncias normais.


Uma outra questão frequente é a de tentar saber quantas mãos são necessárias para se averiguar se o jogador é ganhador ou perdedor ou ainda para avaliar a performance do jogador. Isto é, para obter uma estimativa com alguma qualidade. Ora, não há uma resposta definitiva/geral para essa questão porque a quantidade de mãos necessárias depende de uma data de factores.

Algumas considerações sobre a variância, a consistência dos resultados e estimativa da performance do jogador:

> Os jogadores não estão todos sujeitos ao mesmo grau de variância pois determinados estilos/abordagens implicam maior variância e outros menor variância. De uma forma geral, quanto mais loose, maior a variância. Quanto mais agressivo, maior a variância.

>A variância não é a mesma em todos os níveis e contra todo o tipo de jogador, determinados adversários terão uma implicação directa na variância dos nossos próprios resultados. Tendencialmente, a variância tende a aumentar com a subida de níveis pois o jogo tende a ser mais agressivo, mais tight e com um EV mais reduzido dado o edge sobre os adversários tender a reduzir-se também.

> A consistência dos resultados resulta da combinação do winning rate com a variância. Quanto menor for o winning rate, maior o peso aparente da variância no resultado e por conseguinte estes tenderão a ser mais inconsistentes. Para o mesmo winning rate, por seu turno, quanto maior a variância maior a inconsistência. Por esta razão, conseguem-se resultados muito mais consistentes nos micro-limites do que os que se obtêm em níveis mais altos.

> Para além destas questões há ainda outro aspecto: o jogador não joga sempre da mesma forma - e quanto a isso há jogadores mais constantes/estáveis e outros mais inconstantes/instáveis - e possivelmente, também não encontrará o mesmo perfil típico nos adversários ao longo de um período considerável de tempo. Daí que a performance no início do período em análise não é necessariamente a mesma no final do período ou porque o jogo evoluiu/regrediu ou porque o jogador já não joga nos mesmos stakes ou no mesmo site ou pura e simplesmente porque os adversários se modificaram/evoluiram.

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Wednesday, May 30, 2007

Cenário: A♠ 7♠ multi-way pot

Esta resposta é retirada de um questionário de um dos dois foruns onde participo activamente...

* Game: Limit Hold'em, Full-Table Cash Game
* Position: Cut-Off
* Type of Game: Normal
* Blinds: $10/$20

3 jogadores fazem Limp, tu tens fazes também Limp, o botão também faz limp mas a small blind faz raise e todos os Limpers fazem call.

Flop -- small blind aposta 2 jogadores fazem call , 1 Fold, Tu ?

Na tua opinião qual a melhor opção e porquê?



No contexto específico desta mão, eu considero que é dos momentos em que faz menos diferença um call ou um raise e a minha decisão vai depender dos jogadores adversários e do mood do momento (em função do historial das mãos, de como se está a comportar a mesa, como são os adversários e como tendem a responder, etc). Eu respondi call porque se estiver indeciso tendo para o call dado que este implica menor variância e por este ser o cenário para este tipo de mão em que o raise tem menos interesse, na minha opinião...

Num contexto mais geral, este tipo de mão (nuts flush draw e posição) pode justificar um raise por razões diferentes:

> Se estivermos contra poucos adversários e estes forem passivos (jogadores medianos-fracos não agressivos) poderá optar-se por um raise no flop e bastante provavelmente iremos ter a possibilidade de ver o River de borla caso se tenha falhado no Turn. Esta jogada é contudo muito convencional, se falharmos o turn denunciamos fraqueza e a nossa mão fica evidente para praticamente toda a gente.

Se os jogadores forem fortes ou maníacos a jogada tenderá a funcionar pior pois iremos ter como resposta frequentemente um re-raise no flop se o jogador que fez o bet se enquadra num daqueles dois estilos e tem mão no Flop. Corremos o risco de terminar heads-up (afastar o terceiro jogador) com esta acção e um 3bet é algo que não nos interessa em heads-up com um draw ainda que muito bom.

> Se estivermos contra 4 ou 5 adversários o raise passa a ter um carácter diferente e funcionará praticamente como um value raise dado que neste contexto nós passamos a favoritos e no Flop estamos em vantagem. No Turn se falharmos o flush deixamos de estar e no river qualquer jogador (com vários adversários) tenderá a jogar defensivamente na presença de 3 espadas, pelo que o momento para um raise é o Flop.


Contra dois jogadores, um raise tenderá a cortar a acção pós-flop e possivelmente a afastar um dos jogadores (além de que frequentemente denunciará a nossa mão). É portanto das alturas em que menos vantagens apresenta o raise...

Sobre as diferentes razões para um raise vale a pena consultar um artigo recentepresente neste blog - Raise: why, where and when?

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Friday, May 25, 2007

Bonus & Rakeback

Este é um tema que certamente desperta a atenção dos jogadores online e que é responsável em grande medida pelas opções que os jogadores tomam. Nem sempre as melhores, diga-se...

O Poker Online apresenta uma grande vantagem face ao Poker Live (em Casinos) neste capítulo pois não só o Rake tende a ser mais baixo do que no Poker Live como ainda as casas oferecem por norma deals na forma de Bonus, Propositions e Rakebacks.

Mas devo no entanto referir que pessoalmente não sou um grande apologista destas ofertas na medida em que tendem por norma a ser responsáveis por más opções dos jogadores que descuram aspectos mais relevantes na perseguição daquelas ofertas.


Bonus

Pela minha experiência em dois anos e meio de Poker Online cheguei à conclusão (há já bastante tempo) que as casas com melhores bonus tendem a ser aquelas que têm mesas menos apetecíveis, carregadas dos chamados «bonus whores», jogadores conservadores e tight em regra geral que ainda que não sejam grandes jogadores não são também aqueles a quem é mais fácil tirar dinheiro. Simplesmente são jogadores que seguem estratégias conservadores que tendem a ficar perto do even (eventualmente ligeiramente ganhadores) e cujo objectivo é reduzir a variância e no fim... recolher o ganho na forma de bonus. As mesas perdem acção e afastam também os piores jogadores que detestam este tipo de Poker.

O winning rate sai sacrificado, simplesmente não é possível ganhar muito em mesas destas pelo que o que se ganha em Bonus perde-se dupla ou triplamente em winning rate.


Rakeback

Muito do que disse para os Bonus aplica-se ao Rakeback. Acresce ainda que os bons jogadores (não só os «bonus whores») perseguem o Rakeback. Praticamente não há bom jogador que não tenha um deal de rakeback.

Aqui também vale a pena registar o seguinte: as casas apresentam diferenças assinaláveis nas suas estruturas de rake e que podem chegar aos 1, 2 ou mesmo 3% de diferença entre umas casas e outras para os mesmos stakes. Os jogadores limitam-se a olhar para as ofertas de rakeback sem comparar os rakes cobrados na mesa. Eu pelo menos vejo «a toda a hora» os jogadores a referir que têm x% aqui e y% ali e nunca os vejo comparar o rake cobrado por cada casa. Ora, estas diferenças podem ser facilmente superadas pelos rakes cobrados nas mesas pelo que os deals podem ser afinal piores. Por exemplo, a Cryptologic onde surgem alguns deals interessantes que chegam aos 40% têm um rake médio em $2/4 de 4.2% segundo uma amostra que recolhi. A Full Tilt onde o deal comum é de 27% tem um rake médio nos mesmos stakes de 2.8%!

Oferece menos de rakeback mas cobra também significativamente menos na mesa. Na verdade, fazendo o calculo do Rake efectivo, as condições na Full Tilt são melhores.

Note-se que este aspecto soma-se ao dos Bonus e que os dois concorrem para péssimas mesas. Estes dois exemplos de casas com deals interessantes também são as casas que conheço onde as mesas de FL são das piores que tenho conhecimento. Na verdade consigo um lucro médio maior noutras casas (mesmo sem deals) do que nestas somando o lucros na mesa mais os deals.


Estas ofertas são também frequentemente responsáveis por escolhas inadequadas dos jogadores também no que refere aos stakes que vão jogar (muito especialmente quando se trata de «limpar bonus») onde acabarão por jogar níveis incorrectos para a sua banca, conhecimentos e experiência com o objectivo de limpar os bonus mais rapidamente.

Obviamente não estou a dizer que bonus, rakes e outros deals devem ser descurados por completo. Mas é importante perceber que estas ofertas afectam as mesas, o tipo de poker praticado e o perfil do jogador típico da casa. É também importante entrar em linha de conta com outros factores como o rake cobrado pela casa ou winning rate que o jogador consegue em cada um dos sites.

Há ainda outros factores mas esses são mais óbvios (como por exemplo o trafego de cada um dos sites) pelo que me centrei naqueles que tenho a percepção que os jogadores tendem a descurar...



Artigos Relacionados:
Deals de Rakeback
Análise a 4 Redes

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Saturday, May 19, 2007

AA small raise

Coloco aqui um excerto de uma intervenção minha acerca de um small raise pré-flop com AA pois parece-me de interesse geral. No final acrescento uma pequena nota com as melhores cartas para um all-in versus AA...


«Não é ser result oriented (não decorre do resultado desta mão) mas pela minha experiencia em SNG's, um raise desses não é de uma forma geral uma boa opção. Um bom raise é mais vantajoso que um pequeno raise como aquele que fizeste e vai trazer-te melhores resultados no long-run.

O AA é muito bom contra todas as outras cartas, ao fazeres um bom raise o adversário tenderá a fazer call com alguma coisa de jeito mas isso não é problema pois a performance do AA contra outras cartas boas é excelente. Contra o Top Ten o AA ganha cerca de 85% das vezes. Esta parte é interessantíssima, tu vais ganhar mais vezes contra o Top Ten do que por exemplo contra 65o que era o que ele tinha neste caso, isto para mostrar que realmente não tens interesse em que ele te faça call com «lixo» pois não tens nenhum ganho com isso, na verdade estás a convidá-lo a fazer call com coisas mais fracas mas que contra AA portam-se melhor (o 65o bate o AA 19% das vezes e o Top Ten bate apenas uns 15% das vezes!). Tu preferes que ele te faça call com KK, QQ ou AK do que com 65o e coisas semelhantes...

Para além disso, ao fazeres um bom raise, se a mão por acaso não passar do flop (o adversário falhar completamente o flop) tu já ganhas o raise pré-flop ao passo que com um pequeno raise, se o adversário falha o flop e desiste cedo tu ganhas pouco. Em contrapartida, em qualquer um dos casos estás sempre sujeito (algumas vezes) ao flop lhe sair favorável e ele levar-te a stack toda.

Portanto, raises pequenos compensam menos quando o adversário falha o flop (a maior parte das vezes os jogadores «falham o flop»; se ele já foi obrigado a por uma boa maquia no pré-flop, estamos a garantir que nas vezes em que lhe vai correr mal o flop nós já ganhamos alguma coisa de jeito mesmo que a mão não passe para além do flop). Raises pequenos levam também a que tenhas calls de cartas que até batem mais vezes o teu AA (e de forma mais imprevisível) do que se o «obrigares» a fazer call com coisas melhores.»

Poderá parecer estranho que um 65o (19%), um 87s (23%) ou até um 97s (21%) se comporte melhor que um KK (18%), um QQ (19%) ou um AK (12%) contra um AA. Tal deve-se às formas que as outras cartas têm para bater o AA. Uma das diferenças é o facto do AA interferir com as outs para sequência das restantes premium além da eventualidade de preencher uma sequência superior.

Já o primeiro grupo é ligeiramente mais versátil nas possibilidades de bater o AA (por exemplo, dois pares desde que na board não surja um terceiro par comum) e nas sequências não sofrem coma interferência do AA.

Melhores cartas para um all-in versus AA: suited connectors médios, em especial os dois melhores 87s e 76s (23%).

Entre os pocket pairs, os melhores são: 88, 77, 66 (20%).

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Monday, May 14, 2007

Anna Kournikova faz sentido?

AK aka Anna Kournikova, looks pretty but never wins. Soa bem mas... faz sentido?

Não!

AKs e AKo são das hole cards mais favoráveis de entre as 169 combinações de valor distinto que existem, encontrando-se seguramente entre as 5 combinações mais lucrativas e com maior taxa de sucesso. Existe também a noção de que o AK perde bastante com o alargamento do field de jogadores a disputar a mão, o que também não é verdade. De facto trata-se de uma mão pouco sensível ao alargamento do field e tende a comportar-se bem, no long-term, em ambos os casos.


Os valores que seguem correspondem à minha BD actual com 116.700 mãos e dizem naturalmente respeito ao SH FL (maioritariamente $1/2, $2/4 e $3/6).


Top Ten por taxa de sucesso

AA : 532 : 77.1%
KK : 562 : 66.7%
QQ : 524 : 65.3%
JJ : 543 : 60.8%
AKs : 318 : 56.9%
AKo : 1039 : 54.3%
TT : 591 : 53.6%
AQo : 1091 : 53.4%
AQs : 344 : 50.9%
AJs : 345 : 50.7%


Top Ten por taxa de lucro (BB/mão)

AA : 532 : 2.7
KK : 562 : 2.1
QQ : 524 : 2.0
JJ : 543 : 1.4
AKs : 318 : 0.95
TT : 591 : 0.88
AQs : 344 : 0.79
AQo : 1091 : 0.77
AKo : 1039 : 0.73
KQs : 378 : 0.71


AK?... Looks pretty and wins pretty much!

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Thursday, May 10, 2007

Dia e Hora contam?

Trata-se de uma questão pertinente e que surge de onde a onde: qual o melhor dia e a melhor hora para jogar? O dia e a hora contam?

A amostra que tenho disponível para este exercício não é de momento tão grande como poderá parecer pois apesar da BD actual contar com mais de 100 mil mãos, após dividir a semana em celulas diárias e bi-horárias (pokertracker, session notes, more detail), o número de mãos em cada célula não é tão significativo quanto isso. Tanto mais que os resultados que vou apresentar são relativos aos stakes com mais mãos jogadas (no caso e até ao momento $1/2) e conta com cerca de 70 mil mãos. Há muito que tenho a impressão pessoal que em particular na sexta-feira à noite se encontram piores jogadores mas aqui ficam os resultados disponíveis:


Resultados Diários

Melhores dias: Terça-Feira (6.90 BB/100 em 10 mil mãos) e Sexta-Feira (6.44 BB/100 em 9 mil mãos).

Pior dia: Segunda-Feira (1.41 BB/100 em 8 mil mãos)


Resultados Horários

Melhores Horas: 12:00am - 2:00am (6.23 BB/100 em 18 mil mãos)

Aqui ignorei horas com menos de 5 mil mãos jogadas. Não é seguro que estes resultados tenham realmente expressão estatística. Mais tarde voltarei ao tema com um número de mãos mais significativo.

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Sunday, May 6, 2007

Considerações sobre SNG's

Longe de ser a minha especialidade, tenho realizado algumas incursões nos SNG's com especial preferência pelos SNG's de 18 jogadores da Full Tilt. Aqui ficam algumas considerações que poderão servir de alerta a outros jogadores para alguns aspectos pertinentes...

  • Um dos aspectos mais interessantes dos SNG's é o facto de apresentarem (em comparação com os MTT's) uma variância bem inferior. Tal deve-se à forma como a prize pool é distribuída (tende a ser bastante exponencial nos MTT's e mais linear nos SNG's) e pelo número/percentagem de jogadores a que o prémio é atribuído (mais largo nos SNG's e mais apertado nos MTT's). Pessoalmente, a nível de torneios, praticamente só jogo SNG's.

  • O Fee tende a passar despercebido mas é um parametro de extrema importância. Para SNG's de buy-in médio na casa dos $5 a $20 um Fee de 10% é o mais usual e podemos considerá-lo um valor médio e perfeitamente aceitável. Fees acima deste valor são uma extravagância e prejudica os jogadores, Fees abaixo deste valor são Fees bastante interessantes. Quanto melhor o jogador, mais prejudicado é este por Fees elevados dado que é este jogador que tenderá a levar a maior fatia da prize pool (fees maiores significam que menos é o dinheiro que entra que vai para a prize pool).

  • Outro aspecto importante é a duração dos SNG's (refira-se, mais uma grande vantagem dos SNG's face aos MTT's). Convém prestar alguma atenção a esse factor que irá condicionar o retorno por hora.

  • Por fim destaco a forma como a prize pool é distribuida. Este aspecto deve ser conjugado com o tipo de performance que o jogador obtém. Reproduzo uma discussão recente em que tomei parte que esclarece bem quanto a este aspecto em particular:

Citação:
I've never cared for the 18-man SNGs in that you have to battle an extra 9 players for 1 more payoff spot. Sure it pays more, but your odds (from a math standpoint) are much worse.

Isso não é assim tão relevante. De resto, não é claro o que ele quer dizer com isto. «From a math standpoint», eles não são nem melhores nem piores... são iguais. O payout em ambos é de 0.909 por cada dolar (90.9%).

Os SNG's de 18 jogadores duram mais ou menos o tempo de outros SNG's com menos jogadores (12 e 10 por exemplo). O range de jogadores em prémios é mais apertado, isso tem uma implicação na variância, nada mais (o prémio não é mais ou menos apetecível, os retornos é que vão sofrer maior variância se a pool for distribuída por uma percentagem menor de jogadores). Neste caso temos um prize pool significativamente maior para um torneio que dura sensivelmente o mesmo de outros torneios com menos jogadores (isto é um pouco variável mas já comparei e a diferença não é grande). Seguramente não dura o dobro do de 9!...

A redução da percentagem de jogadores tem outra implicação: ficas mais dependente da tua performance na «zona da bubble». Pessoalmente dou-me bem nessa fase mas menos bem depois na do heads-up onde a minha performance é ligeiramente mais fraca. Por isso, privilegio torneios que não favoreçam o primeiro lugar.


Já agora deixo aqui as minhas stats:

Stats de Torneios na Full Tilt


Em cerca de 430 SNG's destes fiquei em
1º 22 vezes
2º 32 vezes
3º 38 vezes
4º 30 vezes

Fico portanto ITM umas 30% das vezes numa prize pool de 22% dos jogadores o que é bom. Mas se jogasse torneios que favorecem-se mais os 1º isso prejudicava-me o resultado final. Estes resultados ficam muito aquém dos meus resultados em cash games fixed limit que é a minha especialidade. Mas já são bem bons para um amador de torneios (melhores que 95% dos jogadores). E no que diz respeito aos de 18, tenho preferência por eles por razões bem concretas que ali atrás apresentei. Seguem os exemplos:

A prize pool do 9 de $10+1 é de $90 distribuidos desta forma:
1º $45
2º $27 ( -18 )
3º $18 ( -9 )

A prize pool do 18 de $5+0.5 é de $90 distribuidos desta forma:
1º $36
2º $27 ( -9 )
3º $18 ( -9 )
4º $9 ( -9 )

Como se pode ver é uma distribuição linear o que é óptimo para quem não tiver um grande edge na pontinha final do SNG (usei estes para a prize pool coincidir e tornar mais evidente a diferença).

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Friday, May 4, 2007

Um bot em cada esquina

Existe alguma fabulação e mito em torno desta questão. Bastantes jogadores abordam frequentemente a questão nos chats das salas de poker com certo dramatismo. No fundo acabam por pegar na questão numa abordagem algo similar às teorias da conspiração, das mãos rigged e afins...

Os Poker Bots existem, de facto. Mas não se trata, por enquanto de um problema preocupante:

  • Para um bom jogador, jogar contra um bot - assumindo que este está bem programado e pratica um bom poker - não é diferente de jogar contra outro bom jogador, o que de resto acontece a toda a hora, pois existem bastantes bom jogadores a jogar online em praticamente todos os níveis.
  • Para um mau jogador, jogar contra um bot - assumindo que está bem programado e que pratica um bom poker - também não é diferente. No long-run perde para ambos.
Actualmente e que haja conhecimento ainda não existem bots que em mesas multi-jogador consigam suplantar largamente um bom jogador. Antes pelo contrário, de momento um bom jogador consegue fazer melhor.

Um bot não está a fazer nada de extraordinário, não vê as cartas nem faz batota. Na melhor das hipóteses, joga bem. O seu estilo continua a ser reconhecível e qualquer outro jogador se pode adaptar a ele. E se porventura notar que não o consegue bater, evita envolver-se com ele nas jogadas ou em casos mais extremos, abandona a mesa (algo difícil de realizar, convenhamos, pois habitualmente o orgulho fala mais alto).

Ao contrário do que por vezes se tende a julgar, programar um computador para jogar Poker é bastante mais complexo do que por exemplo programa-lo para jogar Xadrez. Dada a natureza do Jogo é muito complexo fazer algo que ultrapasse um bom jogador.


Outro aspecto que sublinha a sobreavaliação deste problema é o seguinte: existem basicamente dois tipos de jogadores, os que jogam por prazer e perdem e os que jogam com o objectivo de ganhar porque são capazes de grante parte dos outros jogadores. São estes os dois grandes grupos (sendo o primeiro grupo seja bastante maior do que o segundo). De uma forma geral, nenhum destes grandes grupos estará muito interessado em recorrer a um Pokerbot. Os primeiros porque nem sequer faz sentido, jogam por prazer e colocar um computador a jogar por eles não os satisfaz minimamente, certamente. Para o segundo grupo e como um Pokerbot não cai do céu, é necessário um grande trabalho de programação e desenvolvimento, não existe um grande incentivo para tal realização dado que o jogador consegue ganhar sem recorrer ao bot.

Existirá porém uma minoria que poderá recorrer ao bot porque ou não consegue resultados (nesse caso é algo difícil imaginar esse jogador capaz de desenvolver um bot) ou são discretos e pretende aumentá-los. Outros, eventualmente por mera curiosidade ou desafio...

Mas imaginar - como chegam alguns jogadores a fazer - que as salas se encontram pejadas de bots é algo que não é muito plausível.


Como complemento deixo este excerto de uma entrevista ao principal autor daquele que é considerado o melhor bot da actualidade - um bot que apesar de tudo só consegue um bom desempenho em heads-up - o VexBot:

The University of Alberta’s Computer Poker Research Group has developed an artificially intelligent automaton known as “Vex Bot,” capable of playing poker at the master level, though as yet it can only apply its gambling genius to two-player games. Vex Bot has been used by researchers to test the frontiers of artificial intelligence – and as the basis for a commercial poker tutorial program, Poki’s Poker Academy -- but some fear it may become a blueprint for programmers with more sinister motives.

Darse Billings, lead designer of the Vex Bot said he believes the odds are better than 50-50 that other programmers have secretly unleashed bots on commercial poker sites, apart from the commercial bots. But he throws his chips in with the skeptics, saying it is unlikely they would be anywhere near as capable as the Vex Bot – so named for its ability to frustrate human opponents – which is the result of more than a decade’s research by the University of Alberta team.

“The strategy of the game is difficult and to sit down and write a program that can beat a table of experienced human players is no trivial task,” he said.

While bots have been used to play the optimal strategy in other online card games, like blackjack, poker is a different animal. The biggest obstacles lie in the amount of information unavailable to the player and the need for the program to be able to employ a variety of strategies at different times, such as bluffing and laying traps for opponents, explained Billings, a doctoral student and master poker player.

“With chess – I don’t want to trivialize it – but it’s just a matter of calculation,” he said. “With poker, you really need to write a program that can think about the game and reason.”

Fonte: http://www.msnbc.msn.com/id/6002298/

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Wednesday, May 2, 2007

Software: três classes

O Poker Online trouxe duas coisas ao poker: o boom e uma parafernália de aplicações de software...

Existe um número considerável de aplicações direccionadas para o Poker online que neste artigo dividirei em três grupos.

  • Software profissional:
Neste grupo inclui-se um conjunto de aplicações que direi indispensáveis para o praticante sério do Poker na versão online, especialmente aqueles que se dedicarem aos cash games (ring). À cabeça está o Poker Tracker que é essencialmente uma base de dados onde serão arquivadas as mãos jogadas para posterior análise o que permitirá estudar o nosso jogo, rever e analisar mãos passadas, observar as estatísticas dos adversários, etc já para não referir a análise da performance do jogador (winning rate, variância, etc). Absolutamente indispensável...

Duas ferramentas que andam de mãos dadas com o PT são o PokerAce HUD e o GameTime+. Estas ferramentas funcionam como add-ons ao PT e permitem colocar sobre as mesas as estatísticas dos adversários, extremamente útil para os jogadores que fazem multi-tabling. A primeira é bastante melhor e mais prática sendo que a segunda tem algumas funcionalidades manuais (que no PA HUD são automáticas) mas com a vantagem de suportar alguns sites não suportados pelo PA HUD. Por fim, uma ferramenta extremamente útil como companion do PT é o PokerGrapher dado que a ferramenta gráfica do PT é algo limitada ao passo que o PG é bastante versátil.

Outro grupo de aplicações bastante útil é aquele que se destina à análise de situações/cenários e calculo de probabilidades. Destaco o PokerStove, que permite traçar cenários de mãos específicas contra mãos específicas, mãos específicas contra ranges e ranges contra ranges. Extremamente versátil e com um métode de cálculo muito poderoso. Recorro ainda a uma pequena aplicação PokerOdds 2 para determinar a probabilidade de conseguir determinadas mãos dado que o PokerStove está orientado para o retorno financeiro (equity) num dado cenário mas não especifica as configurações. O Poker Odds permite ainda efectuar o draw até um ponto específico (Flop, Turn ou River/Showdown). De sublinhar que estas ferramentas destinam-se a uma análise off-line e que não são desenvolvidas para serem utilizadas durante o jogo, em tempo real.

Este conjunto de aplicações favorecerá o desenvolvimento do jogador e levá-lo-á a uma abordagem mais séria e cuidada do jogo. Outro aspecto a destacar: estas ferramentas permitirão que o jogador tenha uma visão bastante mais objectiva do jogo. Este passará a ter uma noção bastante mais exacta do que realmente se passa nas mesas, de qual a vantagem real da mão x sobre a mão y bem como a desfazer uma série de mitos. Adeus memória selectiva...

Obviamente outras ferramentas que desempenham papéis semelhantes como o Poker Office por exemplo encaixam neste grupo. As que citei em destaque são aquelas que considero claramente as melhores, mais eficazes e mais profissionais.

  • Muletas informáticas:
Existe ainda um conjunto de aplicações que supostamente nos tornam grandes jogadores. São um conjunto de aplicações que nenhum jogador sério utiliza também. Refiro-me aqui a ferramentas como o Poker Indicator ou o famigerado Calculatem. Estas aplicações dão-nos as odds e a probabilidade da nossa mão vencer bem como indicam a suposta melhor decisão a tomar (bet/raise/fold). Aconselho vivamente a não recorreram a este tipo de ferramentas.

A atenção e tempo gastos com esses programas devem ser aproveitados para atentar noutros aspectos do jogo. Com alguma experiência e dedicação, seguindo algumas técnicas e regras relativamente simples, contar as outs e estimar a probabilidade de ganhar a mão com uma qualidade/precisão razoável é algo que o jogador acaba por fazer quase mecanicamente.

A primeira coisa que um jogador deve fazer é na minha opinião precisamente desenvolver essa capacidade para então poder passar para um estágio superior em que este olha para as suas cartas, olha para a board e respectiva textura, olha para a acção, olha para as características dos adversários e respectivas posições e então decide. Este é um processo integrado e mais complexo do que saber se se tem outs suficientes ou não ou quais as probabilidades de ganhar a mão.

O recurso a estes programas vai impedir que este processo se desenvolva com a fluidez desejável e funcionar como um travão ao desenvolvimento do jogador. Não conheço jogador sério algum que utilize este tipo de ferramentas (que de resto é inviável para multi-tabling).


  • Contos do vigário:
Por fim temos a família das aplicações que se destinam a enganar papalvos. Nuns casos tratam-se de fraudes completas, noutros aplicações que não fazem aquilo que dão a entender.

É comum surgirem alegações do tipo 'saiba as cartas do adversário' e outras coisas semelhantes bem como sites ao estilo típico da banha da cobra com alegações e testumunhos de resultados miraculosos. São fraudes tão evidentes que nem sequer vou perder muito tempo, mas fica aqui a secção para servir basicamente de alerta.

Se alguém estiver tentado a deitar alguns euros ao rio alerto para o seguinte: não é possível saber as cartas dos adversários (quanto muito o software dir-vos-á as cartas das mãos passadas como o PT faz). Promessas e testemunhos de resultados miraculosos valem zero e só podem ser para iludir crentes pois ninguém vende a galinha dos ovos de ouro. Se de facto funcionassem os autores nem queriam nem precisavam de os vender. Limitavam-se a utiliza-los e a ficar podres de ricos.



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