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Monday, April 30, 2007

As 3 formas de perder uma mão

Não há tema mais banal, frequente e enfadonho no Poker do que o tema das Bad Beats. E verdade seja dita, por questões profundas da psicologia do ser humano e do jogador de poker em particular será sempre assim...

Se ganharmos uma mão, somos atingidos por um momento de felicidade. Uns segundos depois porém já nos esquecemos da mão a menos que esta esteja ligada a um acontecimento muito particular como por exemplo ganhar um grande pote com uma mão soberba - imagine-se um Four of a Kind ou um Straight Flush - ou até um torneio. Se perdemos uma mão, mesmo depois de termos ganho uma série delas, tenderemos a ficar aborrecidíssimos ou mesmo tremendamente perturbados. Algo com que o jogador de poker tem de lidar constantemente e que na sua evolução como jogador terá de aprender a superar por forma a evitar efeitos colaterais como o degenerar do estilo de jogo. No limite, leva à perda da racionalidade nas decisões e consequentemente ao Tilt...

Assim que penso neste tema, surgem-me à memória 3 formas básicas de perder uma mão:
  • Partimos em desvantagem e perdemos;
  • Partimos em vantagem e perdemos, tendo o nosso adversário - do seu ponto de vista da mão - tomado uma decisão correcta ou, pelo menos, aceitável;
  • Partimos em vantagem e perdemos, tendo o nosso adversário tomado uma decisão que - do seu ponto de vista da mão - é injustificável e totalmente incorrecta ao que chamaremos, com toda a propriedade, de decisões estúpidas.

A minha sugestão, de cada vez que perderem uma mão, é de avaliarem qual dos 3 casos se verifica e a cada um deles aplicar este raciocínio:

  • Primeiro caso nada há a lamentar, a vantagem era do jogador adversário e este ganhou a mão. A única coisa a fazer é avaliar se - antes de conhecermos o desfecho! - tomamos uma decisão correcta ou incorrecta. Apesar de virmos a descobrir posteriormente que estavamos em desvantagem naquele caso concreto, tal não significa necessariamente que a decisão fosse incorrecta (devemos assumir um range credível e racional para a mão do adversário sobre o qual temos EV+ e no entanto vir a descobrir posteriormente que para a mão do adversário naquele caso concreto o EV era negativo). Se foi uma decisão incorrecta, por seu turno, tentemos corrigi-lo de futuro.
  • Segundo caso, é Poker. A jogada do adversário foi correcta ou justificável. O facto de partirmos em vantagem não significa que ganharemos todas as mãos. Acabaremos por perder algumas delas o que de resto é perfeitamente aceitável e não é problemático. Neste caso contudo é importante saber analisar a mão da perspectiva do adversário e não colocar precipitadamente a mão no grupo 3, fazendo desta forma aumentar artificialmente o número de mãos desse caso dando-nos uma perspectiva errada do que realmente está a acontecer (o software é rigged, premeia jogadores estúpidos, enfim, as alegações habituais mas que decorrem frequente e essencialmente desta análise não objectiva ao avaliar a decisão do adversário). Inclusivamente poderá verificar-se que o próprio jogador que se lamenta tería, no lugar do adversário e tendo e vendo o que ele via, decidido de forma semelhante.
  • Terceiro caso. É o mais perturbador de todos embora, como dito anteriormente, não aconteça tantas vezes quantas as tendemos a contar (incluímos precipitadamente algumas dos casos anteriores - principalmente do grupo 2 - aqui no meio da nossa frustração e perturbação emocional). No entanto, esta ocorrência não é uma má notícia. É antes uma boa notícia. A qualidade só trará lucro e o melhor jogador só sairá ganhador - por outro factor que não a sorte - enquanto existir este terceiro caso. Só é possível lucrar no Poker enquanto existirem jogadores a tomar decisões mais estúpidas do que as nossas. Algumas destas decisões sairão ganhadoras. Até o hipotético jogador que vai all-in pré-flop com 72off vai ganhar algumas vezes e se terminar heads-up com outro jogador (com uma selecção razoável) vai ganhar umas 30 em cada 100 tentativas. Note-se bem, não são tão poucas quanto isto e na verdade, intuitivamente os jogadores tendem a falhar grosseiramente nesta estimativa tendendo a considerar edges substancialmente maiores que os reais. Mas falhará as 70 e o seu balanço final será francamente negativo e este é o aspecto que realmente interessa. Só há que dar graças por existirem jogadores a tomar decisões deste calibre. Mesmo quando ganham.

Não obstante este desiquilíbrio flagrante, as 70 ganhadoras acabarão por passar praticamente despercebidas. Uma ou outra com Showdown poderá saltar à vista e permitirá catalogar o jogador. Tanto que um bom número de vezes nem chegamos a conhecer as cartas do adversário - devido às mucked hands ou folds no river - pelo que tendemos a não ter a noção exacta de quão caro saiem a esses jogadores as decisões estúpidas.

Já as 30 perdedoras serão integralmente notadas, provocando enorme frustração e revolta associada à perda que daí derivou. E a essas ainda juntaremos algumas do grupo 2 e uma ou outra do grupo 1. Esta assimetria de informação somada à falta de objectividade será responsável por uma concepção completamente errada do que realmente está a acontecer em termos estatísticos, bem como o que daí tenderá a inferir-se...

O Poker não premeia o jogador estúpido. Nunca. Mesmo na ocasião em que este ganha em virtude de uma decisão estúpida - e porque ele é estúpido - tal não consiste num prémio mas antes num incentivo para que ele, jogador estúpido, continue a decidir estupidamente em busca destes ganhos esporádicos, matemática e estatisticamente insuficientes.


O pior que o jogador superior pode fazer é deixar-se perturbar, prejudicando assim o seu jogo em virtude do seu estado emocional.

Recordo ainda que no Poker não se pretende ganhar mais mãos ou mesmo todas as mãos em que estamos em vantagem. Os bons jogadores ganham menos mãos que os maus jogadores. Estes últimos ganham mais mãos e logo, ganham com relativamente elevada frequência. Contudo perdem dinheiro, porque entre as mãos que ganham encontram-se muitas pelas quais não compensa lutar.

Na mesma linha, os bons jogadores tendem a levar Bad Beats, os maus jogadores tendem a pregar Bad Beats. Analisando em retrospectiva, quando um bom jogador é batido ele tende a estar em vantagem numa fase anterior nessa mão ao passo que o jogador inferior tende a partir frequentemente em vantagem seguindo uma lógica bastante elementar (supor que o bom jogador parte em desvantagem pregando Bad Beats significa que este fez então na fase inicial uma má avaliação logo não pode ser um bom jogador).


Entender estes mecanismos é essencial para superar os aspectos de carácter psicológico que envolvem o jogo. Coisa nada fácil. Daqui a alguns minutos esta leitura será obliterada por essa irritante Bad Beat que vão levar...

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Sunday, April 29, 2007

Video Sessão $0.5/1 + $1/2

Trata-se de um video experimental gravado há algumas semanas atrás e com comentários bastante incipientes por manifesta falta de prática. Não saiu com a qualidade que eu desejaria mas vale por um par de situações de algum interesse...

Video Sessão $0.5/1 + $1/2 em 3~4 mesas

Poderão precisar dos Codecs para visualizar. Basta retirar os ficheiros do Zip para o desktop e clicando com o botão direito do rato sobre cada um dos ficheiros inf escolher instalar.

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Saturday, April 28, 2007

Estigma do Jogo de Azar

Estou certo que qualquer jogador dedicado já sentiu esse estigma na pele e que certamente já lhe terá criado, uma ou outra vez, de uma ou de outra forma, algum desconforto ou inconveniente.


Infelizmente, para a virtual totalidade daqueles que não estão suficientemente familiarizados com o Jogo, o Poker é visto como um Jogo de Azar. Tal cria algum constrangimento em referir o assunto perante alguém que intuimos não estar familiarizado com esta realidade pois qualquer referência ao Jogo terá - quase obrigatoriamente - de ser acompanhada por uma sucinta explicação de que não se trata de um Jogo de Azar (um exercício um pouco infrutífero contudo pois estou certo que a maioria tenderá e entender essa explicação como a desculpa de um jogador/viciado).

A reacção pode variar conforme o grau de confiança ou perfil do ouvinte desde comentários como «estás metido nisso», «isso vai ser a tua desgraça», «vais perder tudo» e outras frases semelhantes ao mero silêncio mas com semelhantes considerações interiores.

Certamente tais considerações são movidas pelas melhores intenções mas lamento informar essas pessoas que não sabem do que falam. O Poker não é um Jogo de Azar, é um Jogo de Skills.

A maior parte dos jogos são compostos por uma componente de Sorte e uma componente de Skill em pesos variáveis conforme as regras e mecânica do Jogo. Grande parte dos jogos não são em absoluto nem uma coisa nem outra ficando algures no meio termo. Por norma e seguindo uma lógica bastante elementar e intuitiva, o jogo é denominado de Skill ou de Sorte (azar) conforme o aspecto que tende a tomar a preponderância. E segundo tal lógica, para um jogador persistente, o Poker só pode ser classificado como um jogo de skill dado que a prazo este prevalece sobre o factor sorte. Na verdade, no limite (no muito longo-prazo) o factor sorte é na esmagadora maioria dos casos (abre-se aqui uma excepção para jogadores medianos que situam os seus resultados perto de even) completamente irrelevante. O resultado final deriva da qualidade das decisões tomadas.

Apenas no curto-prazo (e tanto mais quanto mais curto for o prazo) a sorte desempenha um papel importante nos resultados. Convém aqui esclarecer que o prazo não deve ser entendido no sentido temporal mas sim no sentido de «número de eventos», ou seja, no número de vezes que o jogo foi praticado (número de mãos ou torneios jogados, por exemplo).

No longo-prazo não há jogadores com sorte ou azar, todos acabarão - seguindo a Lei dos Grandes Números - por obter semelhantes oportunidades aos demais pelo que as diferenças nos respectivos resultados não se devem a melhores oportunidades (sorte) ou a piores oportunidades (azar) mas sim à qualidade das decisões tomadas.

Nesse sentido o Poker é um jogo de sorte: há os que têm a sorte de saber jogar e os que têm o azar de não saber!

Há contudo jogadores que encaram o jogo como um jogo de azar numa atitude de puro gambler (jogador que gosta de desafiar a sorte, o mesmo que normalmente encontramos nos jogos de azar). Porém, as características intrínsecas de um Jogo não se definem conforme a atitude de um determinado grupo de jogadores/praticantes. Dá-se inclusivamente - e a título de exemplo - um paralelismo bem forte com os mercados financeiros onde igualmente existe uma parcela de investidores que encaram o investimento como se de um jogo de casino se tratasse. Não é por essa razão contudo que o investimento nos mercados financeiros é em si um Jogo de Azar.

Outros há que não só não se identificam com os jogos de azar como ainda a razão porque jogam Poker é precisamente a mesma porque não jogam jogos de azar (na realidade um bom jogador de Poker desempenha o papel do Casino num jogo de azar, é ele que tem o edge sobre o jogador mais fraco e no longo-prazo o jogador inferior está condenado a perder da mesma forma que qualquer jogador a desafiar o Casino na roleta está condenado a perder).

Tratando-se de um jogo de soma negativa (de soma nula se praticado em casa) obviamente os ganhos de uns jogadores advêm das perdas de outros. Como resultado, a maior parte dos jogadores tenderá a perder a prazo e este é um aspecto incontornável do jogo. O importante é perceber que este fluxo de capital resulta essencialmente da qualidade relativa dos jogadores...

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Friday, April 27, 2007

Full Ring FL is dead!

O título bombástico não está longe da verdade. O Full Ring Fixed Limit já era...

O Poker tem sofrido uma significativa evolução, em particular nos últimos anos acompanhando o boom em torno deste jogo, toda a informação disponível online, a prolífera literatura bem como a imposição do Poker Online que trouxe consigo ferramentas utilíssimas como o Poker Tracker ou o PokerAce HUD.

Um dos resultados, evidentemente, deu-se ao nível da qualidade média dos jogadores e a preocupação geral no plano estratégico. Claro está que a maior parte dos jogadores apenas aflora os aspectos mais teóricos do jogo e grande parte foca essencialmente o seu interesse em melhorar o seu jogo muito particularmente na selecção pré-flop por esta ser a forma mais evidente e mais acessível de melhoría da qualidade de jogo para um iniciado.

Este aspecto tem maior impacto no Fixed Limit e muito particularmente no Fixed Limit Full Ring onde a selecção pré-flop tem o seu máximo impacto. Hoje só existe algum interesse no Full Ring FL nos micro-limites. As mesas de 10 jogadores a partir dos stakes médios não são, na esmagadora maioria dos sites, minimamente apresentáveis. Na verdade, eu diria que nalguns sites hoje não se joga poker. Joga-se pré-flop poker.

Mesas repletas de jogadores supertight - já cheguei a ver jogadores com VPIP's absurda e ridiculamente baixos como por exemplo 7 ou 9% - munidos de toda a parafernália já citada e jogando para... não perder. Inevitavelmente acabamos tendo mesas com 10 jogadores a lutarem contra o rake. Este cenário pode parecer exagerado mas é factual.

Shorthanded Fixed Limit é outra histórica completamente diferente: não só uma boa parte dos jogadores que se encontram nessas mesas são jogadores com apetência pela acção - que fogem à velocidade da luz daquelas mesas que terminam em steal blinds mão-sim-mão-não sendo que nas não há dois (três?!) jogadores corajosos a disputar o pós-flop - como ainda dado o custo médio de cada mão e respectivo valor, o jogador pode e deve (!) alargar o seu leque de mãos pré-flop. Há mais poker logo a partir do pré-flop (a selecção além de mais larga é muito mais flexível) e claro está, bastante mais espaço para poker no pós-flop. Em acção e em espaço para capitalizar edges...

Atento ao fenómeno do Poker em geral não podia ignorar este aspecto e dado que a minha vertente predilecta é o Fixed Limit, esta evolução do cenário afecta-me particularmente. O FL shorthanded está bem de saúde, por enquanto. O trafego é interessante em inúmeros sites e as características das mesas bem apetecível numa série deles. Em todo o caso, já preparei um plano de fuga para o caso de o cenário se vir a alterar de novo tendo nos últimos tempos dedicado algum tempo aos SNG's NL com resultados que me parecem satisfatórios q.b. ...

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Thursday, April 26, 2007

EV é tudo no Poker!

EV é tudo o que importa no poker. Tudo o que se discute numa mão se resume no final ao EV. Odds, reads, etc... tudo somado só tem uma finalidade: apurar/estimar e optimizar o EV de cada decisão. Nada mais interessa no Poker. Ignorar o EV é puro gambling. É o mesmo que jogar na roleta, basicamente.


EV é tudo o que interessa no Poker, nada mais interessa (quer o jogador tenha noção disso ou não, quando ele está à procura de tomar a melhor decisão, o que ele está a fazer - bem ou mal - é à procura da decisão com melhor EV).

As decisões são boas ou más no Poker em função da expectativa que elas têm a longo-prazo em termos de retorno financeiro. O Poker é um jogo a dinheiro e a finalidade é ganhar dinheiro (não é ganhar mãos, ganhar potes, ganhar determinados potes, conseguir determinadas mãos vistosas, etc... o objectivo do jogo - o único racional, os outros são de carácter emocional - é ganhar dinheiro). Logo, uma boa decisão é uma decisão com EV+ e a melhor decisão é a decisão com melhor EV.

Obviamente nem todos os jogadores fazem as contas e tentam apurar o EV de uma forma grosseira baseando-se em decisões intuitivas (intuitiva no sentido de lhe parecer o melhor a fazer) ou qualitativas (não númericas) mas que podem resultar como aproximação (exemplo: um jogador tem high card com A ou um par intermédio e um bluffer faz um bet moderado face ao tamanho do pote, o jogador pensa «este jogador é um bluffer portanto é uma boa decisão eu fazer call»). O jogador não quantifica, até é capaz de não ter ideia da percentagem de vezes que o adversário faz bluff mas qualitativamente acha que é uma boa decisão fazer call. Mesmo que o jogador não tenha noção disso e não o tenha tentado quantificar, o que ele está à procura é de tomar uma decisão que lhe dê dinheiro a prazo, isto é, que tenha EV+.

Não é imperativo quantifica-lo, matematiza-lo (é possível jogar um bom poker sem fazer muitas contas e há um ou outro jogador famoso por isso). Mas atenção: estes jogadores são jogadores que aprenderam intuitivamente (empiricamente) a tomar decisões de EV+, mesmo que não coloquem a coisa nesses termos.

Claro que à parte disso há os gamblers que não ligam patavina ao EV e que frequentemente vão tomar decisões de EV francamente negativo e obviamente tomam portanto péssimas decisões. É estes jogadores que devemos procurar nas mesas...

Não ligar ao EV no poker tem EV negativo (torna o jogador perdedor) a menos que o jogador esteja a decidir bem em termos de EV sem saber disso.


Se um jogador chegar aqui agora e disser: eu nunca liguei a isso do EV e no entanto estou a ganhar consistentemente no Poker, jogo há 4 anos e já joguei 2 milhões de mãos.

A única resposta possível é: sem saberes (teres a noção exacta disso), estás a tomar decisões de EV positivo. Para uma amostra dessas não há outra explicação para um resultado positivo (claro que isto é uma coisa remotamente possível dado que 99% dos jogadores ganhadores consistentes está mais do que familiarizado com o conceito do EV).

Fora isto há a sorte e jogar com base na sorte é puro gambling. E que pode resultar no curto-prazo, a longo-prazo está condenado ao fracasso.

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Planos para o Blog

Para já, os planos para este blog são muito simples: um repositório de artigos e posts publicados online e uma ou outra mão para análise. Não posso perder muito tempo com isto logo, para já, o objectivo é criar uma espécie de arquivo para que as coisas chatas que eu escrevo não fiquem perdidas por aí...