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Thursday, June 21, 2007

Textura em situações marginais

Há algumas semanas coloquei um post dedicado especificamente à textura da board. Este post é uma pequena nota, um complemento, sobre um determinado tipo de situação...

Podemos dividir as decisões essencialmente em dois grupos: decisões claras e decisões marginais. As decisões claras são decisões em que é claro que se trata de uma situação de EV+ ou EV-. As decisões marginais são decisões em que não é claro se estamos numa situação ou outra por esta depender de factores mal definidos (subjectivos, ambiguos, etc) ou por estar perto de um EV nulo (break even).

A textura da board toma particular importância nas decisões marginais e pequenas diferenças subtis podem-nos ajudar a tomar uma decisão ou outra.

Vou pegar num pequeno exemplo retirado de uma mão discutida recentemente aqui para ilustrar este tipo de situação. Trata-se de uma decisão de EV que parece estar muito perto de zero não sendo claro se é positivo ou negativo.

O jogador naquela situação tem um número razoável de outs e um «bom draw» mas a mão levanta diversos problemas que se dividem essencialmente em dois aspectos: nem todas as outs são seguras; existe uma certa dose de imprevisibilidade para o tipo de acção com que nos podemos vir a deparar, nomeadamente podemos ter de vir a acompanhar raises ou a desistir da mão já depois de termos construído o nosso straight (aconselho à leitura do meu post para perceber melhor o cenário e o que este envolve).

No entanto uma pequena diferença subil na board pode ajudar (ou não) a trazer a mão para EV positivo com uma margem mínima aceitável e assim ajudar-nos a tomar uma decisão. Faço notar que estou a referir-me a uma diferença subtil que só por si não seria suficiente para tomar uma determinada decisão. Neste caso em exemplo seria a terceira carta do Flop ser do mesmo suite das hole cards acrescentando ao nosso cenário um runner runner flush (como aliás a certa altura faço referência no post).

Este tipo de situação leva a que por vezes os adversários não compreendam a rectidão da decisão quando, porventura, a mão que se completa é exactamente essa. Mas isto já é tema que dá para outro post...

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Wednesday, June 20, 2007

O Boom do Poker

Vem este post a propósito de eu ter decidido deixar de participar no maior forum nacional de Poker. Como não vou voltar a postar lá, fica aqui a explicação sucinta...

O Boom do Poker chegou a Portugal. Com o Boom do Poker versão Tuga o maior Forum de Poker cresceu exponencialmente. Com esse crescimento cresceu essencialmente a imbecilidade, uma imbecilidade que sistematicamente anexa palavras como me*da a conceitos tão importantes como o EV.

Não é preciso dizer muito mais. Essa é uma das caras da febre do poker, uma histeria colectiva que vai contagiando tudo e todos (por assim dizer). Uma massa que se diverte a alimentar uma indústria enorme e um grupo restrito de jogadores que... agradece.

Não há espaço para a discussão salutar, para a discussão racional, para a ponderação de factores, para se falar de EV ou de responsabilidades profissionais ou de qualquer outra coisa que não seja: festa, emoção, divertimento.

Só há espaço para a orgia febril do poker. E nesse espaço eu não caibo...


É tal e qual os Mercados Financeiros. Cada um obtém o que deseja.



Entretanto gerou-se uma outra discussão que me envolve acerca da seguinte afirmação. A afirmação original é esta e não outra qualquer que queiram inventar para imbecilmente viciar e adulterar a discussão como por exemplo passar a argumentar «se o jogador for bom» ou «se o jogador for acima da média» ou qualquer outra coisa, qual argumento circular onde se escolhe logo à partida o resultado que se quer obter:

«Bonito bonito era um tuga ganhar akilo ou ir a FT para mostrar k ir a LV é +EV (seja la isso o k for mas deve tar relacionado com rendimento)...»

Foi a isto que respondi e da seguinte forma:

«
Se um tuga for e ganhar, não mostra só por si que ir é +EV. »

Isto está correcto. O EV é um conceito de longo-prazo e não é um resultado que mostra o que quer que seja. Um jogador pode ganhar um torneio que isso não mostra de forma alguma que para esse jogador jogar esse torneio tem EV+...

Com base nesta informação pode ser positivo e pode ser negativo. Como pode ser ambas as coisas não mostra que é positivo.

O EV pode ser calculado considerando todos os cenários possíveis com a precisão possível ou estimado através de uma amostra decente. Um torneio MTT não constitui uma amostra decente em parte nenhuma do universo. Quem disser o contrário apenas manifesta a sua ignorância e a sua limitação no que diz respeito aos conceitos envolvidos.

Achar que constitui uma amostra decente é de resto outra das faces do estado das coisas como atrás referi. A ilha da fantasia...

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Quando o maníaco sai...

O maior adversário do jogador é ele próprio. Muitas das barreiras a ultrapassar no jogo são de carácter psicológico e emocional...

Frequentemente tratam-se de falácias psicológicas com que os jogadores se debatem e aqui fica uma: os jogadores tendem a ficar muito irritados quando um maníaco ou outro jogador idiota com outro perfil qualquer sai da mesa depois de ter ganho uma série de mãos pois assim não poderão recuperar o que eventualmente perderam contra esse jogador.

Ora, a única justificação para se ficar aborrecido é por a mesa passar a ser eventualmente pior do que era antes, isto é, menos rentável.

Se o sentimento se deve a uma perda anterior nessa mesa em particular ou a uma «necessidade» de recuperar a perda face a um indivíduo em particular, tratam-se de motivações irracionais e que provavelmente serão fonte de problemas para o próprio jogador no plano psicológico e emocional, muito provavelmente com consequências no jogo e na clarividência das decisões posteriores.

Aquele jogador enquadra-se num determinado grupo (que aqui damos como adquirido que batemos no long-run) e vamos deparar-nos com outros jogadores do mesmo grupo. Se não recuperamos de A, recuperamos de B (um jogador que joga dentro do mesmo estilo de A). E se não é hoje é amanhã. Pouco importa, não é relevante...

Também vale a pena referir que os jogadores que praticam esse tipo de atitude (de resto sistematicamente maus jogadores e claramente perdedores) não conseguem influenciar de uma forma positiva os seus resultados. É absolutamente irrelevante se param de jogar depois de uma boa run ou de uma má run, desde que voltem a jogar. A única coisa que conseguirão é perder menos se com isso jogarem menos mãos ao todo. Eles irão voltar a jogar, frequentemente até, passados uns meros minutos e não vão ter mais ou menos sorte em função do momento em que decidem voltar a jogar...

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Monday, June 18, 2007

Table Selection

Talvez dos aspectos gerais mais descurados pela generalidade dos jogadores. O facto é que a maior parte dos jogadores presta muito pouca ou nenhuma atenção às mesas em que entra ou ao lugar onde se senta. O impacto nos resultados finais, contudo, é tremendo...

O lucro no poker resulta da tomada de boas decisões. As boas decisões porém começam bem antes de ter as cartas na mão. Na verdade, as mais importante e decisivas para o resultado final ocorrem antes: desde a escolha da vertente correcta, da escolha adequada de stakes para uma boa gestão da banca e a terminar no table selection - a escolha dos melhores lugares nas melhores mesas.


Os critérios

De uma forma geral, quanto mais fracos os adversários, maior o lucro esperado. E quanto mais agressivos e loose, maior a expectativa de lucro. Loose, está bom de ver pois jogam mais mãos que geram prejuízo. A agressividade porque tenderão a pagar mais caro em cada erro cometido.

Digo de uma forma geral pois dependendo da qualidade e estilo do jogador, nem sempre estas premissas são válidas. A título de exemplo, um jogador muito agressivo terá interesse em defrontar jogadores mais passivos e não muito loose pois o seu jogo resultará melhor contra esse tipo de jogador. Já um jogador sólido poderá preferir jogadores relativamente loose e agressivos pois obterá um winning rate maior do que contra jogadores semi-loose/passive.

Se for possível observar as mesas durante algum tempo (o que eu faço apenas no limite superior da gama de limites que jogo) tanto melhor. No entanto essa opção é algo chata e time consuming e num nível onde estejamos bastante à vontade não é assim tão determinante pelo que nos guiaremos por alguns valores chave que servirão de critério para entrar ou não na mesa xis.

Para FL 6max tenho para mim estes valores como critério-base:

> Percentagem de jogadores no flop: a rondar os 50% ou se possível superior;

> Valor médio do pote: valor mínimo de 5BB mas de preferência de 6BB ou mais.

A percentagem de jogadores a ver o flop e o pote médio são valores genéricos que servem bastante bem para nos mostrar o que se estará a passar nessas mesas, o quão loose são os jogadores, o nível médio de agressividade, etc. Quanto mais loose são e quanto mais alto o pote médio, como que podemos dizer que mais dinheiro há para ser ganho nessa mesa.

O número de mãos jogadas por hora poderá ser importante para jogadores que joguem numa mesa ou duas, sendo do interesse desses jogadores optar por mesas mais rápidas, pelo que fica aqui uma referência. Para jogadores que joguem em bastantes mesas não creio que esse factor seja importante dado que quão mais rápido, menos mesas se conseguirá jogar em simultâneo.


A posição


Bastante importante é igualmente a escolha da posição na mesa. Na maior parte dos sites não podemos escolher o lugar onde nos sentamos pelo que o que podemos fazer nesse campo é bastante limitado: basicamente nos resta abandonar uma mesa se calharmos num lugar indesejável mesmo que a mesa no seu geral seja interessante. Se podermos escolher o local, tanto melhor.

Ao nível da posição o melhor é evitar jogadores muito agressivos depois de nós (o aspecto mais importante) e em segundo lugar, evitar as calling-stations. Depois de nós queremos jogadores o mais passivos possível e de preferência relativamente tight. Isso permitir-nos-á ter melhores leituras (maior previsibilidade) relativamente aos jogadores que actuam depois de nós e maior controlo sobre as suas decisões (são jogadores que podemos afastar mais facilmente com os nossos bets ou raises, por exemplo). Por outro lado, temos melhor controlo sobre jogadores muito agressivos se estes tenderem a actuar antes de nós quer para nos isolarmos com eles quer para controlarmos melhor as guerras de raise.

Este artigo é apenas um esboço sobre o muito que se poderia dizer sobre o Table Selection, o mais importante mesmo é transmitir a mensagem de que uma boa escolha de mesas é determinante para o winning rate. Os valores que referi servem apenas de exemplo, outros jogadores poderão ter de procurar critérios adequados ao seu jogo.

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Monday, June 11, 2007

Síndroma de Curto-Prazo

Funciona como uma cortina à frente dos olhos do jogador e não lhe deixa ver o Big Picture. É seguramente a questão de carácter psicológico que afecta o maior número de jogadores...


O resultado que realmente interessa é o resultado de longo-prazo. Ironicamente, o resultado de longo-prazo tem um peso ridiculo no estado emocional do jogador ao passo que o resultado de curto-prazo tende a ter um peso (absurdamente) elevado com grandes implicações na segurança/auto-confiança e na qualidade das decisões. Por conseguinte, na performance de longo-prazo...

Alguns comportamentos e reacções típicas:

«Esta semana ganhei xis, o meu jogo evoluiu muito e estou a ter resultados.»

O jogador acha-se um profissional. Dirige-se aos outros jogadores com grande confiança dando conselhos, criticando as suas jogadas, etc. Por norma, não considera que a sorte tenha desempenhado um papel importante no resultado obtido.

Eventualmente o mesmo jogador passado (um par de) semanas:

«Há uma semana que estou em perda, não sei o que se passa, acho que estou a jogar pior.»

O jogador perde a confiança, acha que afinal não entende o jogo ou, talvez ainda mais frequentemente, que se passa algo de estranho com a casa de pokers, com o RNG ou que simplesmente está numa fase de azar brutal.

Resumindo, quando ganhamos somos bons, quando perdemos é azar.

Para lá do efeito emocional/psicológico que estas runs ora positivas ora negativas possam ter, contudo, é bastante provável que o jogador não tenha realmente evoluído ou regredido significativamente entre umas e outras. O mais provável é que a sorte tenha tido um peso tão importante no desempenho positivo quanto o azar teve no desempenho negativo.

Mais importante, estas runs positivas/negativas não servem isoladamente para avaliar a performance/qualidade do jogador. Esta resulta do conjunto das duas e, de preferência e para maior fiabilidade, por várias séries de boas e más runs.

Não há nada mais ridículo do que alterar determinado aspecto do jogo e passado 2 ou 3 mil mãos (se não for menos) já se pretender tirar conclusões quanto a melhorias ou prejuízos daí derivados. É também bastante caricato (não direi ridículo, mas irónico) que um jogador fique bastante perturbado depois de 400 ou 1.000 ou 2.000 mãos que correram mal tendo, por hipótese, um background com dezenas ou centenas de milhares de mãos com um resultado positivo. Umas meras centenas de mãos podem abalar facilmente a confiança de um jogador ou tira-lo completamente do sério levando-o a cometer erros crassos que não cometeriam em circunstâncias normais.


Uma outra questão frequente é a de tentar saber quantas mãos são necessárias para se averiguar se o jogador é ganhador ou perdedor ou ainda para avaliar a performance do jogador. Isto é, para obter uma estimativa com alguma qualidade. Ora, não há uma resposta definitiva/geral para essa questão porque a quantidade de mãos necessárias depende de uma data de factores.

Algumas considerações sobre a variância, a consistência dos resultados e estimativa da performance do jogador:

> Os jogadores não estão todos sujeitos ao mesmo grau de variância pois determinados estilos/abordagens implicam maior variância e outros menor variância. De uma forma geral, quanto mais loose, maior a variância. Quanto mais agressivo, maior a variância.

>A variância não é a mesma em todos os níveis e contra todo o tipo de jogador, determinados adversários terão uma implicação directa na variância dos nossos próprios resultados. Tendencialmente, a variância tende a aumentar com a subida de níveis pois o jogo tende a ser mais agressivo, mais tight e com um EV mais reduzido dado o edge sobre os adversários tender a reduzir-se também.

> A consistência dos resultados resulta da combinação do winning rate com a variância. Quanto menor for o winning rate, maior o peso aparente da variância no resultado e por conseguinte estes tenderão a ser mais inconsistentes. Para o mesmo winning rate, por seu turno, quanto maior a variância maior a inconsistência. Por esta razão, conseguem-se resultados muito mais consistentes nos micro-limites do que os que se obtêm em níveis mais altos.

> Para além destas questões há ainda outro aspecto: o jogador não joga sempre da mesma forma - e quanto a isso há jogadores mais constantes/estáveis e outros mais inconstantes/instáveis - e possivelmente, também não encontrará o mesmo perfil típico nos adversários ao longo de um período considerável de tempo. Daí que a performance no início do período em análise não é necessariamente a mesma no final do período ou porque o jogo evoluiu/regrediu ou porque o jogador já não joga nos mesmos stakes ou no mesmo site ou pura e simplesmente porque os adversários se modificaram/evoluiram.

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Friday, June 1, 2007

Colecção de mãos de Maio

Como já devem ter percebido, por norma não usarei este espaço para colocar posts do tipo ganhei isto, ganhei aquilo e muito menos para coleccionar bad beats. Já há muitos blogs desses...

Deixo aqui portanto um link externo para um tópico noutro forum onde se encontra uma colecção de mãos do mês de Maio com os maiores resultados (quer positivos quer negativos). Quase todas as mãos lá colocadas estão acompanhadas de comentários pelo que penso ter algum interesse:

Colecção de mãos de Maio


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